quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Meu Inverno, com trovoada e previsão de suicidio, de São Martinho

(Texto escrito a 10 de Novembro, às 21h46. O que nele estiver relatado diz respeito, única e exclusivamente a esse momento.)





Oh Yemanjá, que minhas lágrimas hoje aparaste em Tuas águas, diz-me como podem tanto desiludir-nos as pessoas que achas (mais-ou-menos??) integras. Como podemos olhar para alguém e gostar só por ser Alguém.





Sim… Eu sei que, apesar dos meus 19 anos e 361 dias, continuo a sentir-me sozinho. Não me bastam os amigos, e eles que me perdoem, mas preciso de algo mais. Preciso de alguém com que dividir tristezas e alegrias, choros e sorrisos. Alguém com quem dividir a minha vida. Com quem me dividir.


Preciso de…


Oh.. Já nem sei se sei o que preciso, o que quero, o que gostaria de precisar e de querer.


Ali, à janela, canta-se, dança-se, comem-se castanhas.. não se sente a minha falta. Lá fora faz frio mas, apesar disso, na praia senti-me bem: apanhei ar, respirei fundo e vim capar de não lhe responder mal… Amanhã vai doer-me como à muito não doía. Estou sem voz. Não vou ler, não vou sequer cantar. Oh… Também não me apetece tocar.. Estou mesmo stressado, triste e desiludido com muitas coisas.




Dizia uma letra de uma música brasileira que por ai encontrei (a letra, porque a música nunca a ouvi…)


Eles são assim, por Natureza
Vivem dominados pela sua vaidade
Correm impulsados por suas ânsias de ganhar e nada mais
Põem o cérebro, nunca o coração, fodem como corvos ao teu redor
E ao sexo chamam amor

Eles são assim desde a Pré-história
Seguem os caprichos da sua vontade
Quando têm tudo, sempre querem muito mais
É o normal

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

pizza sem pão???



- Desculpa.. Não vou conseguir chegar a casa a tempo do jantar. Tenho reunião extraordinária com o Gabinete de Marketing e Publicidade e com o Gabinete de Criatividade - Devias estar cá, se não estivesses em recobro . Não pude mesmo adiar. Desculpa amor.. Estás melhor? Eu prometo que despacho isto rápido.

Respiro fundo antes de ser capaz de te responder:
- Não faz mal. O Eng. Ricardo tem as propostas que preparei, espero que ele não deixe aquilo passar ao lado da administração. Tu como Presidente livra-te de ignorares os meus projectos. Eu já tos mostrei por isso sei que não há problema. – Para um segundo, o pós-operatório é tramado – Não te preocupes comigo que estou bem… Cansado, ainda me custa respirar mas estou bem…
- Ainda bem. Comeste em condições hoje? Já é a tua terceira refeição normal e não me parecer que andes a comer grande coisa. Vou encomendar uma pizza para ti hoje. E não te queixes.
- Mas amor..
- Nem mas nem meio mas… Sei que gostas de pizza e que te vai fazer bem comer alguma coisa que se aproveite.
- E pizza é comer que se aproveite, claro… Mas está bem.. Encomendas por mim? Não me apetece ir procurar os flyers.
- Claro que sim.. Eu ligo. E já te mando mensagem a dizer-te o preço – Tens dinheiro na carteira?
- Tenho sim! És um anjo. Amo-te
- Oh.. Também te amo muito. Beijo

E desligaste. Fico a dever-te um beijo.








“Palla Pizza, uma pizza do mar...” Foi o que ouvi do outro lado do vídeo-porteiro quando a campainha tocou.
E a verdade é que paguei dez euros por uma pizza e a pizza era uma grande porcaria. Vinha toda fora do pão, os camarões vinham mal cozidos e os pimentos era umas tiras mal cortadas, finíssimas e eram quase só “pele”. Resumidamente só comi tudo por tua causa.

Obrigado.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Perdi-me na conversa.. queria dizer-te que já não te amo mas quando chega à altura de o fazer esqueço-me do que ia dizer. "Olha, sabes,... Oh.. Não sei o que ia dizer-te, passou-me... Hei-de lembrar-me depois."

E lembro, lembro-me assim que me aconchego na almofada. Lembro do que sinto. Do que me fazes feliz e do que me dóis. Lembro-me que não te quero deixar e lembro-me que também não te posso ter ao lado meu. Aqui, comigo...

Lembro-me das lágrimas que chorei por estar longe mesmo quando dividíamos o mesmo espaço, lembro das lágrimas que caíram por já não te querer como queria, lembro-me das lágrimas escondidas por te ter que esquecer.

Lembro-me de ti...








segunda-feira, 15 de outubro de 2007

um sítio chamado nosso

(peço, desde já desculpa por possíveis erros mas não reli o texto. A culpa é do Nuno!)



A tua mãe ligou-me para ir mos jantar lá a casa. E íamos. Tu depois de saíres da loja, eu depois da reunião com os espanhóis. Ias chegar bem antes de mim porque o teu turno acabava às seis da tarde.





Quando chegou à casa amarela da Rua do Carmo lá estava a tua mãe de volta da cozinha. Foi o teu irmão que me veio abrir a porta e fugiu de novo a correr. Estive um pouco com a tua mãe na cozinha, sempre simpática – foi a ela que foste buscar a simpatia. Depois daquele bom bocado de conversa fui até ao quarto do teu irmão. Nada. Subi até ao teu antigo quarto – estava sempre tudo na mesma: O edredon azul, a escrivaninha aberta com as tuas coisas sempre dispostas na mesma posição. – mas também não estavas lá, mas agora ouvia-se o barulho de duas crianças divertidíssimas com a bola que no chão batia. Abri a janela e espreitei para o pátio. Lá estava o Tiago a correr atrás de ti que levavas a bola de basket até ao cesto onde, para o fazeres feliz, acabavas por deixar que te apanhasse e fugisse com a bola para o outro lado. Ele, com os seus 12 anos a correr com o maior dos sorrisos a iluminar-lhe a fronte. Tu, com os teus divertidos 23 anos a fazê-lo matar as saudades da pessoa que até então sempre tinha um bocadinho para ele, para dar uns pulos e umas corridas com ele. Depois vim eu e conquistei-te, levei-te para um sítio chamado nosso.

Foi quando caíram os dois, tu e o teu irmão, que finalmente me viste cá em cima, na janela do teu quarto, nos meus últimos segundos: A tua mãe está a chamar para jantar. Frango assado no forno.


sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Suddenly I see..

Once upon a time…


É assim que começam os grandes contos de fadas, aqueles que dão origem aos filmes que tanto gostamos de ver. Fomos ao cinema, esperamos pelo lançamento em DVD, alugamos e ainda vimos no TVI ou na SIC algumas cento e vinte vezes. Foi mais ou menos o que aconteceu com o filme da Maryl Streep – Devil wears Prada.






É nestes contos de fadas, ou neste sonhos, que nos tornamos no que queremos. Temos esse poder. The power to be. Sabemos com que contar, sabemos quem temos ao nosso lado. Nestes sonhos de “once upon a time” há o protagonista e o príncipe encantado. Já na vida real, na minha pelo menos, não há nem um “Prince Charming” como o do Shrek, quanto mais o príncipe que me levará ao palácio e casa comigo e vivemos “happly ever after”. Sou assim eu… Vou estando sozinho.. mas vou sendo feliz. A Cinderela também devia ser feliz, mesmo a limpar o chão e a fazer tudo o que as irmãs queriam.




Mas houve também um dia para a Cinderela. E mais importante que o príncipe (não tinha nome o pobre coitado?), foram os amigos... “Nós faremos, nós faremos um vestido para ela, a nossa Cinderela… lalalala”






Hoje fica aqui o meu muito obrigado aos amigos. Os que me ligam depois das mensagens estúpidas. Os que me atendem as chamadas. Os que comigo trocam mensagens. Os que me levam às compras. Os que me dão boleia. Os que no silêncio rezam e olham por mim. A todos vocês um grande obrigado.






The power to be
The power to give
To power to see.. yeah yeah…

Suddenly I see
This is wath I wanna be
Suddenly I see
Why the hell it means so much to me?




quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Estás a trabalhar e eu, invariavelmente, estou preocupado com “o que fazer para o jantar”. Apetece-me arroz de marisco. Onde encontrar o melhor arroz de marisco de Cascais? No cosmopolitan.pt, o restaurante do Afonso. Pego no telefone e ligo: “Sorry. We can’t establish connection to the number you dial. Try again later.” Foi o que eu fiz: tentei de novo. Continua a não dar. Quero mesmo arroz de marisco nem que tenha que ir agora cozinhar. Se há coisa que detesto é cozinhar. Vou tomar banho e vestir-me para ir às compras, são seis da tarde, ainda tenho tempo!

– São doze euros e trinta e quatro cêntimos, por favor. – Fiquei a olhar para o rapazinho da caixa do Jumbo. Giro, louro, olhos azuis escondidos por detrás de uns óculos de massa brancos.
– Dez, doze, vinte, trinta… e… cinco. – Ele, Ricardo Fernandes, dá-me o ticket e o meu cêntimo. Fazes colecção! Quem é que faz colecção de moedas de um cêntimo de euro? Só mesmo tu!
– Obrigado, boa tarde.
– Obrigado, igualmente.

O trânsito estava caótico e fez-me demorar mais a chegar a casa do que a fazer compras, mandei-te mensagem a dizer o que ia fazer para jantar e a pedir que não te demorasses porque depois o arroz seca. Cebola, tomate, alho, pimento, azeite, piri-piri e tenho o estrugido pronto. Já estou farto de cozinhar mas é para ti. Estou feliz: mandaste-me mensagem a dizer que te está mesmo a apetecer arroz de marisco. Prometeste que não chegavas atrasado hoje. Acabei de fazer o arroz. Oh como cheira bem aqui em casa. Já deves ter saído do escritório há pelo menos uns dez minutos e mais um quarto de hora e estás em casa. Na televisão dizem que agora o trânsito está calmo. Começam as notícias: homem viola mãe, idosa, com Parkinson; processo de corrupção no futebol arrasta-se há sete anos; presidente do banco da esquina demite-se por exigência do conselho de administração; cinco mortos, dois feridos graves e um ligeiro no acidente do nó de uma estrada com outra; casal gay suicida-se, em conjunto (?) porque há seis anos que vê recusados os pedidos de empréstimo. Ah…Estás quarenta e cinco minutos atrasado. Levanto-me e ligo-te: – Cherrie, estou a chegar.

Já são nove e meia e ainda não chegaste para jantar. Desisto e sento-me à mesa para jantar. Mesa posta para um: um individual, prato e guardanapo, um copo e os talheres de peixe. Oh… O arroz secou. Está empapado. Levanto-me e deixo o arroz no prato e a água no copo. Quando chegares aquece o comer, se te apetecer. Se não te agradar lava a loiça à mão, porque não vais ligar a máquina só por causa disso. Adeus, vou-me deitar. Não me fales, deixa-me dormir.

sábado, 22 de setembro de 2007

Sim, vai sem mim...

Era sexta-feira e para variar tínhamos o ensaio. Mas daquela vez seria diferente: eu estava chateado contigo e não ia ao ensaio, contigo. Só ainda não to tinha dito, dir-te-ia quando saísses do banho e te começasses a vestir.
Não foi preciso percebeste que assim seria por não ter a minha roupa pronta, em cima da cama, ao lado da tua, como habitualmente fazíamos – Tu despias-te, escolhias a tua roupa para essa noite, estendia-la em cima de cama, como se de um manequim se tratasse, e ias tomar banho. Eu pegava e repetia os teus passos, vezes e vezes sem conta, até ter decidido que roupa levar. Ia tomar banho, cruzando-me contigo no caminho, para mais um daqueles momentos eroticamente apaixonados quais preliminares.

Eu estava sentado na poltrona e tua chegaste à sala, puseste-te entre mim e o Dr. Chase (a ver House, invariavelmente) e disseste achar a minha atitude pueril, impensada e completamente descabida da realidade. “Estou lá por tua causa. Não vou sozinho. Não vou.”
Oh… como não reagi, limitando-me a semicerrar os olhos enquanto espingardavas os meus defeitos, resolveste ir até ao ensaio sem mim (com o meu carro?) e acabaste por te divertir à grande. E que o diga o cheiro a tabaco que emanavas essa noite. Seria normal se fumasses.







Chegaste a casa tardíssimo, aparentemente pouco preocupado comigo, a cheirar a fumo e a gordura de fritos de um qualquer restaurante barato da cidade. Divertiste-te, bebeste, jogaste bowling… Deitaste-te na cama e fizeste questão de não me tocares… não estavas de bem comigo mas… eu continuo na minha: Eu tenho razão para estar magoado contigo. Deixaste secar o arroz de marisco.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Viagens da minha terra..

...para outras!

Estou sentado enquanto espero a partida do comboio. À minha frente um homem de fato preto com as beiras do colarinho do ceda preta, conheço-o - é um Zara primavera-verão '06. Os miúdos entram saídos dos ciclos e das secundárias. Ainda não vêm muito carregados de livros. Finalmente arrancou. Sempre pontual. Pelo menos assim o é quando estou eu atrasado. Vão entrando pessoas no caminho. Todo o tipo de pessoas: alunos, professores, reformados, feirantes.. Oh como me custa a viagem.. Aquela mistura de odores corporais.. Sinto-me claustrofóbico. Detesto os transportes públicos. Não por causa das pessoas, sinto-me alérgico aos mais diversos cheiros que as pessoas "carregam"..

Conheceram elas os desodorizantes e as pastilhas para o mau-hálito?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007















Um dia compro umas Crocs e vou trabalhar para o hospital...








[como te prometi!]

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Desejos e Ensejos - Cap. VI - Não te vou procurar.

– O lombo assado com ananás daqui é óptimo, amor. Experimenta. – Dizia Tomé a Gabriel enquanto tirava para o prato dois fillet para a servir com arroz com feijão preto, ignorando assim a preocupação do marido com Gonçalo.

– Sweetheart, acredito, e acima de tudo, sei, que te custa ouvir-me falar do Gonçalo, mas, acredita, que já ultrapassei – melhor – ultrapassamos tudo isso. O Gonçalo já foi bastante importante para mim. Ainda o é, mas como amigo. Não pode interferir no nosso amor.

– Gabriel, sweeeeetheart, é tudo muito lindo, – Tomé, pousara já o prato na mesa e transformava a sua raiva no discurso, que já chamara atenção das pessoas que por ali passavam ou almoçavam. – e é muito bom ouvir-te falar assim mas, merda(!), continuas a falar dele, a preocupar-te com ele.

– Tomé acalma-te. – Sentaram-se e agarrava com força a mão de Tomé, que a todo o custo tentava libertá-la. – Quero-te ao meu lado, hoje, quando o Gonçalo vier ao Porto. Quero-te comigo… sempre.

Tomé desatara num pranto apertando, agora a mão de Gabriel enquanto titubeava:

– Oh… oh… desculpa… sou… oh como sou parvo. Desculpa.

– Não sejas tonto. Sabes uma coisa? Amo-te!



Comeram, tomaram café no MeetingPoint, passaram na MYGOD onde Gabriel comprou uns sapatos para si e umas calças para Tomé – Achavam piada ao empregado. – e foram até casa. Gabriel havia pedido ao motorista de Millena Sacadura que fosse buscar Gonçalo ao aeroporto. “O motorista da minha mãe vais buscar-te. Conheces o carro. Ele sabe para onde ir.” – escrevia Gabriel na mensagem para Gonçalo.



– Gabriel, o porteiro ligou: o Gonçalo está a subir.

Gabriel correu para a sala, abraçou Tomé e beijou-o. Era o seu ‘obrigado’.


Gonçalo entrou com o ar pesado de quem transporta uma má noticia. Sentaram-se na sala sem se cumprimentarem. Tomé agarrava a mão de Gabriel como que para o não deixar fugir. Gonçalo falava há mais de meia hora sobre o que sentia por Gabriel e de como se sentia longe, mesmo estando consciente da existência de Tomé.

– Mal era se assim não fosse, estou aqui… – dizia Tomé com sarcasmo.

– Gonçalo, acredito que seja difícil para ti. Sentires o que sentes por mim, sabendo que não sinto mais do que uma grande amizade por ti, agora, e que tenho o Tomé. – Assim que Gabriel acabou a frase Gonçalo levantou-se, tomou o casaco e saiu. Não conseguira lidar com a sensação de perda tão bem como pensara. Tomé abraçou Gabriel e sussurrou-lhe um “amo-te” que lhe aqueceu o coração.






Todos se vestiam de preto hoje, três dias depois. Uma mulher debruçada no caixão chorava como se para si o mundo acabasse ali. Clara também chorava a morte do chefe. Havia sido para ela um importante apoio nas mais difíceis horas. Gabriel usava, hoje, pela primeira vez uma gravata preta, comprara-a no caminho. Não levava flores, não tencionava ir ao cemitério, não largara ainda Tomé. A mulher debruçada no caixão, Maria Amélia – a mãe de Gonçalo –, chorava a morte do seu filho. Passara toda a cerimónia agarrada ao caixão que, a seu pedido, se encontrava fechado. Chegara agora a altura em que Gabriel teria de largar Tomé e, a pedido de Maria Amélia, iria ler aquilo que, no fundo, seria a despedida de Gonçalo.


“Sempre tive dificuldade em te falar. Não por te conhecer pouco, nem sequer por não ter que te dizer. Mas por ter medo de te magoar. Também por me não saber expressar. Hoje, ainda não acredito que partiste. Vejo-te ai, à minha frente, fechado. Sempre assim foste: calado, preso em ti mesmo – fechado! Ainda não acredito que não te vejo mais, ainda que te sinta, a olhar por mim, pela tua mãe. Poderia dizer o teu nome. Chamar por ti, talvez. Se eu fosse poeta, se eu fosse Camões, Homero, acreditaria que isso te traria de volta, que ressuscitarias. Quero chamar-te e não consigo. Por ai diz-se que as pessoas não morrem enquanto pensarmos nelas. Não consigo chamar-te. Primeiro tenho que acreditar que partiste. Que escolheste partir. Que havíamos conversado no dia anterior. Tenho medo, diria que morro de medo mas não quero ferir susceptibilidades, tenho medo que o tenhas feito por não te sentires amado. Éramos amigos, tinhas a tua mãe. Até o cão anda às voltas sem saber onde andas tu, sem te encontrar do outro lado da trela, Gonçalo. Chamei-te, consegui dizer o teu nome. Continuas ai, quieto. Continuo perdido sem te saber onde. Não te vou procurar. Posso sair a correr pela rua a gritar por ti, o teu nome, e tu continuas sem aparecer. Vou agarrar-me ao Tomé e viver com ele a felicidade que, com certeza, quererias para nós. Vou sorrir no desabrochar de uma pequena flor, na brisa do vento. Vou, acima de tudo, respeitar-te e lembrar-te!”







sábado, 11 de agosto de 2007

Desejos e Ensejos - Cap. V - Preciso de ti...

[Nota do Autor: Depois de varias tentativas furadas de terminar esta série de texto e depois de ter prometido a alguns amigos que acabaria a estória neste quinto capítulo decidi pedir-vos desculpa pela demora e por ainda não ser desta que acabo. Ao som de Total Eclipse of the Heart numa (ou duas) versão (versões. E eram três!!) dos Westlife (Agora reduzidos a quatro.) acabei o quinto capitulo com a promessa do capitulo final para breve. Aceito sugestões.]








Era manhã. Gabriel ainda dormia. Era o dia da viagem para Portugal. Ainda não tinha feito a mala. Sonhava com as preocupações inerentes às inaugurações, quase simultâneas, das três lojas da QueerNovus em Portugal. Mas havia no sonho de Gabriel algo estranho mas bom e suave. Apaziguante.

Acordou… Sentia em seus lábios os lábios de Tomé. Deleitado, não se moveu. Não teriam sido capazes de sair dali sem tornarem físico aquele desejo ardente de se possuírem. De se sentirem dentro um do outro. Mas finalmente levantaram-se.


– Tomé, amor, fizeste as malas? – Gabriel olhava quatro malas à entrada do quarto enquanto Tomé tomava banho. – Oh… Que querido.

– Aproveitei que o meu Anjo dormia para ir adiantando serviço ou achas que tínhamos feito amor logo pela manhã se ainda tivesses que ir fazer as malas? Logo tu… - Ria-se.

– Oh, não demoro assim tanto. Mas assim sendo só me falta tomar um duche. Vou entrar. Despachamos isto mais rápido se tomarmos banho a dois.

– Ou não…











Correram já dez meses desde a chegada ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro: O Porto estava igual. Havia agora mais prédios novos e nus de detalhes que, há quinze anos, eram os bonitos prédios antigos da cidade. As obras, essas mantinham-se. Foram de metro até Carolina Michäelis. Gabriel tinha um apartamento na Barão de Forrester, apartamento que a mãe lhe havia oferecido quando, no Porto, Gabriel arranjara o primeiro emprego como Vice-Presidente do núcleo de Comunicação de um grupo de pronto-a-vestir.


Todos os acontecimentos foram perfeitas desculpas para Gabriel e Gonçalo se encontrarem. Os convites, o catering, e outras infinitas preocupações tornavam-se pretextos para Gabriel pegar no carro ao fim do dia, já a roçar a madrugada do dia pr

óximo, e ir até casa do Gonçalo, umas vezes sozinhos outras com Tomé, mas sempre ao som de Freddy Mercury. Ora um I want to break free, ora um Bicycle Race. A livraria do Porto estava finalmente inaugurada. Situada em plena Avenida da Boavista num espaço acolhedor que outrora havia sido o bar/restaurante Triplex. Faltava agora inaugurar as lojas de Lisboa e Faro.




Tocou o telefone na entrada do terceiro piso do ex-Triplex:

– QueerNovus, bom dia. – Dizia a doce voz de Raquel, assistente

pessoal de Gabriel. – Em que posso ser-lhe útil?

– Bom dia. Uma chamada do Dr. Gonçalo Neves para o Dr. Gabriel Sacadura, por favor.

– Ah, olá Clara. Um momento por favor. – E do outro lado

ouvia-se Beethoven. – Doutor, uma chamada para si. É o Dr. Gonçalo.

– Obrigado Raquel. – Gabriel perguntava-se o que quereria Gonçalo logo pela manha. – Olá garoto, como vais?

– Bem. – Cada palavra era dita com peso e pausadamente. – Precisamos de falar. Não me sinto muito bem. Depois da nossa conversa as ‘coisas’ deste lado estão difíceis. Ajuda-me. Apanho o primeiro avião desta tarde para o Porto.

– Calma. Vem. Eu vou almoçar com o Tomé ao Chiado, no Shopping Cidade do Porto, mas depois estou livre. Avisa quando chegares que mando alguém buscar-te. E tem calma. Não gosto de te “ver” assim.

– Obrigado.

– Oh… Beijo. – Gonçalo desligou. Gabriel pegou no blaser e saiu. – Raquel ligue para minha casa, o Tomé ainda deve estar a dormir. Diga-lhe que vou a caminho e que vamos almoçar ao Chiado. Venho buscar uns documentos às duas e depois já não devo voltar.






domingo, 5 de agosto de 2007

dar uns passos para trás....

então e esse 'já não gosto dele'?

não sei... estava tão seguro disso...

eu sei que sim

mas o facto de chorares não quer dizer que gostes dele

podes ter apenas lembrado dos momentos

do que lutaste

sem a mínima hipótese

não... de todo..

pode ter sido um choro de desabafo

um choro final

um choro que precisavas para seguir em frente

e n te vou dizer que estava errado quando disse que ainda gosto dele...

pode ter apenas significado uma ultima explosão de sentimentos pelo bruno

apenas te digo que não tenho certeza de nada

segunda-feira, 25 de junho de 2007

papel e caneta

Há muito que não me sentava a escrever com papel e caneta. É tão mais rápido escrever directamente no computador: sento-me no sofá, ligo a televisão num qualquer canal e tiro-lhe o som, abro o laptop e começo a escrever. Mas hoje foi diferente: sentei-me à mesa de jantar, desliguei a televisão, fechei a porta da sala (malditas obras!) liguei a aparelhagem. Não gostei da musica que passava na RFM (Phill Collins?) por isso pus um CD ridículo que gravei antes-do-rei-fazer anos, play faixa 13: Kyo – je saigne encore. Parei!...


… “ça fait mal, crois moi”? foi o que ele cantou ou foi “croix moi”?


É, ele cantou com “s” mas com um “x” faria para mim tanto sentido.


Croix moi! Crucifica-me! A Ana Filipa diz que “a vida é um dom extremamente precioso” e eu não estou, de todo, disposto a desperdiçar esse dom. Quero continuar a respirar(-te), a sentir que posso amar.


Não consigo perceber se já escrevi muito ou pouco. Já fazia mesmo muito tempo que não escrevia nada com caneta. Para ser sincero, a ultima vez que peguei numa caneta, sem ser para estudar, foi quando fui comprar os bilhetes para os Keane – a menina da bilheteira pediu-me um autógrafo.



Por falar em Keane, lembrei-me que lhe podias dizer para vir connosco ver os Keane mas já vais passar o fim do dia de hoje (estou a escrever a 22!) – parabéns – enquanto eu fico em casa por causa das obras (vão acabar tarde e ainda queria limpar alguma coisa. Desculpem-me ser egoísta (ou egocêntrico, nem sei bem) mas não consigo…


Foi bom teres ligado, ter falado contigo acalmou-me. Fez-me rir como é possível seres assim? Dez minutos antes de me rir contigo chorava por ti!




Queria aproveitar para vos deixar duas palavras. Uma a cada pessoa…


A ti, um “desculpa”. Desculpa pelo afastamento nos últimos dias, desculpa por ser chato nos outros dias. Desculpa por estar sempre a pedir desculpa…




À Filipa, um “obrigado”. Obrigado pelo mail, obrigado pela tarde e noite de sábado (ao Ika também agradeço, agradeci aliás, mas ele não lê mesmo o blog – sim, só escrevi isto para alguém lhe dizer para vir ler). O auge dessa noite foi mesmo o Marcelo a cantar. Não consigo escolher entre a musica do falcete (LINDO!!!) e a Paixão do Rui Veloso, a quem peço perdão mas… amigo desiste, depois de ouvires o Marcelo a cantar a tua música e não a a cantar!


[fica aqui a "música do falcete"... o MEDO REINA na rua da escuridão


tas perdido procura a minha mão!]



Desejos e ensejos na “gravação” da recta final. Não perca em exclusivo o(s) ultimo(s) episodio(s) aqui nas suas – alto ai! Nas minhas! – vidas em rosa choque!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

de calças....

[22º post no dia 22! ainda que um dia 22 com pouco sol, pelo menos para mim!]





Decidi, por ora, interromper a saga “desejos e ensejos” que se aproxima do final, ainda por decidir, para vos esclarecer sobre um comentário que fizeram a um artigo neste blog. No dia 13 de Junho o usuário ZéTrolha (sem ofensa!) comparou-me a “Candace Bushnell de calças” – palavras do próprio ZéTrolha (sem ofensa!). Para quem não sabe esta senhora vive em Nova Iorque e é conhecida pela sua coluna de sexo que se tornou na inspiração da série Sex and the City, série que não tinha por habito acompanhar – vi se apanhasse um episódio a meio enquanto praticava zapping. Acontece que depois do comentário do ZéTrolha (sem ofensa!) decidi acompanhar a série de forma mais atenta. Vi os episódios “nem mas, nem meio mas” e “Seremos pegas?” acontece que no meio de um ambiente de taciturnidade os dois episódios supracitados me animaram e me fizeram pensar que ser considerado a alguém cujos textos deram origem a uma série de terrível sucesso (suprima-se o sentido pejorativo da expressão e leia-se: de enorme sucesso) é algo de extremamente boní(ti)ssimo.



Ao sr. ZéTrolha (sem ofensa!) o meu mais franco e desmedido obrigado.



A todos os que comentam um também descomunal obrigado. Aos que lêem o blog embora não o comenta um desconsolado obrigado por me visitarem, há sempre a hipótese de uma palavra proferida pessoalmente como alguns fazem. Também a eles um gesto de agradecimento.

domingo, 17 de junho de 2007

Desejos e Ensejos - Cap. IV - Não fizeram as malas.

Se ontem Gabriel sentia euforia(?) depois da conversa com Gonçalo, hoje sentia-se triste, ao deitar…




Tomé agarrou Gabriel pela mão e saíram do quarto a correr atravessando os longos corredor, passando pelo porteiro sem sequer se desviarem da empregada que depois de almoço fazia a limpeza enquanto apressadas as pessoas saíam para trabalhar depois de um rápido almoço. Corriam em direcção ao jardim da cidade, as flores amarelas para eles sorriam, e eles nem notavam. Pararam. Tomé largou, finalmente, a mão de Gabriel para o agarrar e se deleitar na volúpia de um doce e longo beijo. Gabriel percebeu: Não era ciúmes que Gonçalo sentia, era a confiança traída. Era o seco golpe na amizade que os unia. Sabia agora que não podia deixar Gonçalo vir busca-lo a Roma. Não seria capaz de lidar com a situação em frente a Tomé. Seria incapaz de lhe dizer o que havia sentido naquele telefonema. Tinha que lhe dizer… Mas não ia interromper o bom beijo de Tomé. Queria Tomé até ao fim das suas forças. Abraçá-lo, beijá-lo, fazer amor com ele, como tinham feito todas as noites desde que se casaram. Possuí-lo. Como faria nessa noite ao deitar se Gabriel não se sentisse amargurado com o que estava a fazer a Tomé. Sentou-se, levantou a almofada, acendeu a luz, beijou Tomé e pediu-lhe para o ouvir.


– Não posso, amor, não posso perder-te… – Abanou a cabeça e tapou a boca a Tomé com o dedo indicador. – Não fales, escuta-me antes. Liguei ao Gonçalo ontem por causa da editora. Daqui a três dias o Gonçalo viria até Roma e iríamos os três para Portugal. Não quero. Achei que ele tinha feito uma cena de ciúmes quando lhe disse que tínhamos casado, mas não… – Parou. – Era uma amizade ferida. Um amigo magoado. Peço-te que me compreendas a satisfação do reencontro e que me perdoes a alacridade com que estava disposto a recebe-lo em meus braços. Amo-te Tomé. Agarra-me, não me deixes fugir. Une-nos mais que estas alianças que trocamos.

Tomé chorava, olhava Gabriel nos olhos sem palavras para verbalizar o que sentia:

– Amo-te, não era capaz de te deixar ir Anjo meu. – Beijou-o e entregou corpo e alma a Gabriel.
















– LibrusNovus, bom dia. – Dizia a suave voz do outro lado da linha.

– Bom dia, Clara, tudo bem? Fala Gabriel Sacadura. Duas coisas: Confirmar os voos de sexta-feira e falar com Gonçalo Neves.

– Olá Sr. Dr., como está? Podia dizer-me os nomes que constam nos bilhetes?

– Gabriel e Tomé Sacadura.

– Ai que giro. O seu colega tem o mesmo apelido que o Sr. Dr. – Dizia Clara enquanto ao teclado verificava o pagamento dos bilhetes.

– Clara, Gabriel chega perfeitamente. E não… não é meu colega. É o meu marido.


O silêncio de Claro espelhava a sua espantada palidez:

– Sim, claro, perdão. Os bilhetes estão pagos. Os comprovativos de reserva estão já com a sua assistente. Quer então que transfira a chamada para o Dr. Gonçalo?

– Sim, muito obrigado.

A Quinta Sinfonia de Beethoven mal chegou a soar e já se ouvia Gonçalo:

– Olá Gabriel. Passa-se alguma coisa? Costumas ligar directamente para a minha linha.

– Confirmar os bilhetes para sexta-feira. Desculpa. Não venhas. Não seria capa

z de te dizer como te interpretei mal, não seria capaz de trair assim o Tomé. Falamos ai.

– Claro que sim. Não te preocupes.




Despediram-se e desligaram como se nada fosse. Gabriel mais aliviado, Gonçalo ainda sem acreditar que gostamos de ser amados mesmo que não tenhamos o mesmo tipo de sentimentos por essa pessoa. E isto aprendeu Gabriel com a Inês. “Obrigado”, pensa ele enquanto conduz até casa para ir fazer as malas. Partiriam dentro de dois dias e já não voltaria aos escritórios de Roma antes da viagem. O avião faria voo directo até ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro.


Entrou em casa. Tomé saíra do banho. Fizeram amor. Não fizeram as malas.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Desejos e Ensejos - Cap. III - Mais uma vez... o telefone

Gabriel lembrava-se perfeitamente das palavras que quinze anos antes, ainda na tenra idade dos dezoito anos, escrevera no caderno de folhas recicladas que lhe ia servindo de diário. Como era diferente a sua visão do mundo, como é igual a sua história. Os amores e os desamores.








Gabriel viva agora em Itália, nos arredores de Roma. Trabalhava como editor na QueerNovus, preparando a abertura da editora também em Portugal. Desculpa mais que suficiente para as muitas chamadas que fazia Portugal. As mais longas para Gonçalo, que geria a empresa que financiaria a introdução das lojas da editora no mercado português. Foi numa das mais longas conversas que Gabriel contou a Gonçalo que havia tirado três semanas de férias, que havia ido para a Alemanha com o namorado, Tomé, e que lá haviam casado, com o testemunho de Pedro e Inês que com eles passaram uma semana no Hotel Loccumer Hof em Hannover.


– Porquê? Porquê só agora Gabriel? Acho que merecia ter sabido antes. – perguntava Gonçalo.

– Merecias sim, Gonçalo. Mereces sim… – balbuciava Gabriel entre choros e suspiros – Mereces tanto… Mereces demais... Mereces ao ponto de me fazer duvidar do que fiz. De me fazer acreditar que se não o fizesse tu poderias ser meu.

– Acalma-te, também não te quero assim… Devia ficar feliz por ti. Queres que fique?, eu fico. Só não me peças para perceber o egoísmo com que me escondeste tudo isto.

– Egoísmo… Ai está uma coisa da qual não me podes acusar. Sempre vivi para ti. Vivia para respirar o ar que respiravas. Para te limpar as lágrimas que nunca foste capaz chorar no meu ombro. Vivia para sentir o nunca dado abraço. Agora que achei que me ia conseguir soltar disso vens e chamas-me egoísta. Sabes… Gostavas de me ter por perto, gostavas de te sentir desejado senão amado mesmo. Eu próprio sempre gostei de te amar, mesmo quando isso me fazia sofrer, qual trespassar de flecha. Desisti. Desisti de te conquistar, de te amar… e agora vens-me chamar aquilo que, por ti, nunca fui… Sempre me tiveste aqui contigo, para ti, para tudo. Deixa-me se feliz.


Gonçalo estava calado, havia habituado Gabriel a isso, mas desta vez o silêncio incomodava. Gabriel acabou por desfazer-se numa pranto tentado tornar audíveis as suas palavras.

– Desculpa, Gonçalo, desculpa… como pude dizer-te tais coisas… como fui insensível. Desculpa-me…

– Oh, como és.. nem sei.. claro que desculpo. Eu percebo-te, percebo como te sentes, mas preferia falar contigo pessoalmente. O vosso contracto fica pronto amanha. Daqui a dois ou três dias podem começar a transferência. A tua transferência. Vou buscar-te a Roma.




Desligaram sem mais uma palavra. Ambos sabiam que iriam apresar o mais possível o reencontro. Ambos sabiam o quanto isso fazia mal a Gabriel. E Tomé, como ficaria ele nesta confusão toda? Gabriel tinha garantido a Tomé um cargo numa das empresas da família, mas a nível pessoal as coisas não eram tão simples. Portugal era para Tomé mais do que a terra natal, o seu país. Portugal pressagiava o encontro de Gonçalo e Gabriel.




domingo, 10 de junho de 2007

Desejos e Ensejos - Cap. II - O telefone

Gabriel escreveria “Querido diário,” antes de “O dia hoje começou com chuva. Dormi nu – não que tenha um corpo bonito de admirar e louvar como aqueles que apresentam a colecção Verão 2007 de calções de banho do El Corte Inglés, mas apeteceu-me. Asneira: Estou constipado!” se não achasse uma “piroseira”, como dizia ele à mãe. Maria Hellena – a mãe –, era uma mulher austera com a família e com os valores (sociais?), recusava-se a conformar-se com a bissexualidade do filho, que para ela ainda era pior que homossexualidade: “Pelo menos esses, Gabriel, não se metem com qualquer um, como o menino”.


Era depois de estas acesas discussões com Millena Sacadura, como era conhecida do mundo do socialite, que Gabriel se enclaustrava no quarto a escrever o diário que um diz esperava ver editado. Gabriel sabia que o nome Sacadura ainda lhe valeria de alguma coisa, ainda que, para Millena, fosse uma vergonha ver o tão honrado nome de família associado à publicação de desaires (homo)sexuais.


Foi um momento desses. Gabriel sentou-se ao computador e começou a escrever sem filtrar as palavras que pela caneta surgiam:


“Cruzei-me com o Diogo na estação quando estava à do meu comboio para Lisboa. Não falamos nada desde então. Teima em não responder às minhas mensagens. Não sei mesmo o que fazer. Aliás.. Sei. Ignoro-o.


Estou farto. Farto de tentar escrever e só me sair namoricos e amores não correspondidos. Afinal, não são só eles que me preocupam… os amigos também. O Pedro e a Inês – as coisas estiveram difíceis entre nós numa destas noites. Eles decidiram deixar-me algures no meio de uns amigos (a Rita também lá estava, é verdade, mas não é a mesma coisa.). Já resolvemos os nossos problemas e agora sinto-me mais ligado a eles, ao Pedro particularmente, até porque a minha relação com a Inês já era muito boa! Eu…”




Gabriel levantou-se: o telefone tinha tocado. Millena estava a chamar Gabriel, era a Francisca. Tinha chegado de viagem. Tinha ido com os pais a Nova York.


- Gabriel, que saudades tinha de te ouvir. – Francisca falava tão depressa que Gabriel, por vezes, tinha que pedir para repetir. – Cheguei agora de Nova York. Entrei em casa, peguei no telefone e liguei-te. Isto já há vinte minutos. Sabes como é a tia Millena. Como vão as coisas? Como vais tu?


- Eu, bem, eu…


Francisca interrompe Gabriel com um grito estridente:

- Ai, Gabriel, não te ouvir a choramingar de novo. Tu precisas mesmo é de ver o que comprei na Fifth Avenue ou na Seventh Avenue. A minha mãe continua a achar que a Fashion Ave devia ser a Fifth Avenue e não a Seventh Avenue. Acabei por não entrar no Museu Solomon R. Guggenheim. Olha… vem ter comigo: conto-te já as novidades todas. Quinze minutos e tens o nosso motorista ai à porta. Beijo.


- Não...




Desligou e Gabriel foi buscar o casaco e os óculos de sol para sair. Não disse nada à mãe que havia estado sentada ao piano, mesmo à sua frente, sem nada tocar durante todo o telefonema de Gabriel. Saiu.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Desejos e Ensejos - Cap. I - Conversas

Gabriel decide escrever um ciclo de estória: “Desejos e Ensejos”. Prometi-lhe que publicava os textos dele! Espero que gostem.




“O dia hoje começou com chuva. Dormi nu – não que tenha um corpo bonito de admirar e louvar como aqueles que apresentam a colecção Verão 2007 de calções de banho do El Corte Inglés, mas apeteceu-me. Asneira: Estou constipado! Agora, enquanto escrevo o sol brilha e espero por aqueles dois. Não sei se vou almoçar em minha casa ou não. Estão chateados, a Diana e o Tiago. Estavam ontem e lá resolveram as quezílias deles. Aqui em casa. Ao que parece chatearam-se de novo em casa dela. Eu não acho normal. Eu ter que almoçar fora ou não vai depender deles. Mas estou feliz – hoje vou tomar café à noite com o Diogo, a não ser que ele se tenha esquecido ou simplesmente se ele não quiser sair!



O Diogo é um amigo de longa data. Sim, um amigo cibernético (que palavra horrível!) mas um amigo. Não um amigo como os outros que podem ser escritos com A maiúsculo ou com todas as letras a grande e em bold! Decidi que era tempo de nos conhecermos e decidi convida-lo para um café. Acho que até que nos damos bem mas ainda não me decidi a esquecer Gonçalo e sei que só quando me sentir capaz de me segurar sozinho é que vou ser capaz de me contentar com amizade, nunca esquece-lo. Lição que aprendi com a (espécie) de relação que houve com a Sara: meses e meses e meses de soledade e mágoa.


Aproxima-se o momento em que o Diogo devia confirmar os planos para esta noite mas não me parece que vá… pelo menos o interesse não parece ser muito! Contenta-me saber que se não estiver com o Diogo tenho sempre o ensaio do Grupo de Teatro ou os planos com a Inês e o Pedro. Fui finalmente à costureira buscar as calças que lá estavam há duas ou três semanas por causa das bainhas embora soubesse que ainda não estavam prontas. Ia fazer pressão. Enquanto esperava o Gonçalo ligou-me e falamos um bocado, foi bom ouvir a voz dele de novo. Escusado será dizer que logo a seguir o Diogo se descartou com um compromisso de ultima hora.


Acabei por ir ao ensaio porque a Inês estava muito cansada e não quis sair e, também, íamos sair no dia a seguir. Muito bom, por sinal: os dotes culinários da Inês e o bolo da Su. Ah! Nesse dia tive também a grande conversa com o Gonçalo. Dissemos muita coisa, disse muita coisa, coisas que achei nunca ter força para te dizer. After all you are my friend! O problema.. o nosso problema, Gonçalo, é ficarmos por aqui e (aqui a culpa é bastante minha) conversar-mos muito sobre tudo e pouco sobre o que realmente deviamos.. Não sei... acho que sim... fala-me!”


segunda-feira, 21 de maio de 2007

não estava à espera de te ouvir



Oh... Decidis-te, Pappy, ligar-me na quinta-feira à noite. Eram 21h36min e não estava à espera de te ouvir... As noticias foram óptimas:
Vais-te casar.




Merda... O meu pai casa-se hoje... porque será que não fui convidado? Porque será que só soube quatro dias antes?



Achei, oh Deus meu, que era mais importante... Que merecia mais consideração por parte do meu pai... mas... olha... liguei a um amigo.. acabei por estar um tempo infinito ao telemóvel e de gastar o dinheiro que tinha acabado de por no telemóvel mas valeu a pena... no fundo.. Obrigado... Ajudas-me (e sim é "ajudas-me", no presente) em muito! Sei que sabes que sim...



Sei que sabes que sim e que para mim és o mundo.. (lá fora?)










terça-feira, 15 de maio de 2007

É isto que eu quero dizer-te...


Não.. Não desapareceste B. Muito pelo contrario.. Estás cada vez mais presente.. e se te queria dizer isto ["É isto que eu quero dizer-te..." - post anterior] é para te mostrar que consigo estar contigo - falar contigo e ouvir-te - e deixar de lado, esconder, o que sinto por ti...

que te quero, que te amo..



Foi isto que te respondi quando me perguntaste se achava que tinhas desaparecido... B. desculpa mas acho, e foi o que te disse depois, que esta é uma forma de não perder a nossa amizade.. Não a mais fácil para mim.. mas a mais prática (?) para ti


La Pared - Shakira (Porque diz muito!)


Eres como una predicción de las buenas
Eres como una dosis alta en las venas


Y el deseo gira en espiral
Porque mi amor por ti es total
Y es para siempre


Después de ti la pared
No me faltes nunca
Debajo el asfalto
Y mas abajo estaría yo

Después de ti la pared
No me faltes nunca
Debajo el asfalto
Y mas abajo estaría yo
Sin ti


Eres la enfermedad y el enfermero
Y ya me has convertido en tu perro faldero


Sabes que sin ti
Ya yo no soy
Sabes que a donde vayas voy
Naturalmente



Después de ti la pared
No me faltes nunca
Debajo el asfalto
Y mas abajo estaría yo
Después de ti la pared
No me faltes nunca
Debajo el asfalto
Y mas abajo estaría yo


Sin ti

quinta-feira, 10 de maio de 2007

te he perdido?


- te he perdido porque no estas... a veces te busco y no logro hallarte y miro entre las líneas pero no te encuentro... no te encuentro B.


- que paso??? - dices


- no se...simplemente desapareciste... así.... de repente, como si te hubiera olvidado..pero no!!! te recuerdo y te extraño...será que cambie y no te gusta...o quizás en mis mierdas te descuidé y te escapaste... Dime!?!
















Não me perguntem, antes me perdoem, o porquê do texto em espanhol mas li algo parecido e disse: "É isto que eu quero dizer-te..."




sexta-feira, 4 de maio de 2007

és Tu, seja lá quem esse for

Sai cedo de casa para ir ver o cortejo. Achei que espairecer, apanhar ar me faria bem.. Achei uma maneira simples de não pensar em ti e pensar no modo como - agora - vejo a vida, o amor... Uma conversa para depois, se ainda não estiveres cansado de me ouvir.


Passeava por volta das 21:30 pelo fórum, tencionava tomar um café e ver algumas caras conhecidas. Tomei o dito café (lembrem-me de reclamar da próxima vez que me trouxerem TANTO café), com o meu habitual copo com (de?) água, passei-me um pouco pelas lojas e vi algumas caras conhecidas: a Mafalda, a moça da Bertrand que nunca soube o nome, a minha tia, e mais umas caras simpáticas de pessoas-antipáticas-que-faziam-de-conta-que-não-me-conheciam. Será por acharem o que tu sabes?

Bem não interessa. Andei por ali uma horita. Um andar triste de alguém que se sentia sozinho, de quem (de certo estupidamente errado) pensava que se comigo estivesses tudo seria diferente. As pessoas-antipáticas-que-faziam-de-conta-que-não-me-conheciam teriam sido ignoradas, e, mais importante, o triste (e cínico?!) "olá tudo bem?" sairia com um sorriso.

Merda. (Desculpem) Seria um sorriso. Naquele momento eu não andaria solitário. Mas seria o mesmo assim que me despedisse de ti... Ficava de novo com uma sensação de vazio, um bocado de mim deixava de estar, de novo, ali. Isto faz-me pensar que sei que vai ser sempre assim, pelo menos até eu sentir que a nossa amizade é suficientemente sólida, B., para eu me puder afastar e esquecer-te. Não, não te quero esquecer. Quero muito mais que isso: Quero-te para sempre. Mas... e apesar do "Nunca digas nunca" ou do "Desta água não beberei" acho que posso dizer que pelo menos num futuro próximo nada mais iremos ser do que bons amigos. Para mim (pelo menos): os melhores!



Desculpa se não devia falar de ti, desculpa se devia guardar isto para mim ou mesmo para uma nossa conversa, mas, aqui, publicamente, é o único sitio onde através de um romance, uma novela ou mesmo de um conto, posso ser eu ou inventar alguém para ser. Quem é este que vos escreve? Eu, um qualquer personagem de um livro do Frederico Lourenço ou do David Leavitt, ou um qualquer desabafo de um amigo?


Não sei... mas o destinatário, és Tu, seja lá quem esse for.




In any other world
You could tell the difference
And let it all unfurl
Into broken remenance

Smile like you mean it
And let youreself let go

Cos its all in the hands
Of a bitter bitter of man

Say goodbye to the world
You thought you lived in
Take a bow
Play the part
Of a lonely lonely heart
Say goodbye to the world
You thought you lived in
To the world you thought you lived in

I try to live alone
But lonely is so lonely
So human as I am
I had to give up my defences

So I smile and try to mean it
To make myself let go

Cos it's all in the hands
Of a bitter bitter man

Say goodbye to the world
You thought you lived in
Take a bow
Play the part
Of a lonely lonely heart
Say goodbye to the world
You thought you lived in
To the world you thought you lived in

Cos it's all in the hands
Of a bitter bitter man

Say goodbye to world
You thought you lived in
Take a bow
Play the part
Of a lonely lonely heart
Say goodbye
to the world you thought you lived in
to the world you thought you lived in
Say goodbye to the world you thought you lived in
Say goodbye to the world you thought you lived in
Say goodbye to the world you thought you lived in

In any other world
you could tell the difference [Mika - any other world]

sábado, 28 de abril de 2007

através de ti espero

Pela primeira vez vou postar sem pensar no texto, sem o rever atentamente, sei que a pessoa a quem se dirige o post não o vai ler. Pelo menos não hei-de ser eu a dizer-lhe para cá vir ler. (Não vou escrever para ti, B. Dou-te descanso desta vez!)


Disseste, - e desculpa a ousadia de tratar-te por tu - Rui, que:


"O Deus em que acreditamos, em quem pomos a nossa confiança, é um Deus de Vida! Por vezes olhamos para a nossa própria existência e sucumbimos perante uma floresta de dúvidas, incertezas, problemas ou simplesmente questões que nos tiram a tranquilidade. Alturas há, em que isto nos leva a pensar sobre nós mesmos ou sobre os outros ou sobre as estruturas que nos envolvem e que, parece, todos os dias nos imputam novas missões ou obrigações. Noutras ocasiões, simplesmente não pensamos, ou porque é difícil, ou simplesmente porque não há tempo… Então começamos a deixar de viver, passamos a sobreviver…"

Hoje, preparei-me para te falar de mim, para falar de mim ao Padre Rui, mas não deu. Estamos destinados a não conseguir falar à primeira vez e a adiar conversas. Conversas como a que íamos ter hoje, uma conversa que espero que através de ti espero que chegue a Deus. Não te ia contar grandes novidades, não te ia revelar aquilo que acho que me define como pessoa e que me faz confusão como pessoa cristã.


Queres ouvir-me, Barnabé?






















domingo, 15 de abril de 2007

Dois sabores diferentes,...

Quando um mesmo capítulo tem duas histórias o escritor fala das duas como uma só. Pensa que pode enganar o mundo e achar que pode ver somente aquilo que deseja. Caríssimos, lamento informar-vos mas, o escritor pode fazê-lo. Já eu, na minha simplicidade de ser simples e complexo, nada mais posso fazer que mostrar-te o lado que queres ver. Consigo separar as duas histórias mas não deixar de vivê-las.



Uma é a história de um poeta capaz de interpretar o Camões prometido e dizer que “ditoso seja” eu por te amar. Um poeta de amores.




Ditoso seja aquele que somente
Se queixa de amorosas esquivanças;
Pois por elas não perde as esperanças
De poder nalgum tempo ser contente.


Ditoso seja quem, estando absente,
Não sente mais que a pena das lembranças,
Porque, inda mais que se tema de mudanças,
Menos se teme a dor quando se sente.


Ditoso seja, enfim, qualquer estado,
Onde enganos, desprezos e isenção
Trazem o coração atormentado.


Mas triste de quem se sente magoado
De erros em que não pode haver perdão,
Sem ficar na alma a mágoa do pecado.

Luís de Camões



Outra é a história do teu amigo, B., que é capaz bater e pé e…



Acabaste por não vir almoçar comigo. Chegaste tinha eu acabado o sumo natural de laranja e ananás. Uma mistura agradável mas diferente. Dois sabores diferentes, como nós. Tu introvertido muito calado e eu, por outro lado, sempre pronto a proclamar problemas, novidades e fúteis assuntos.


Hoje vou a tua vez… a dos dois… Falámos, desabafámos, digerimos alguns assuntos e conseguimos perceber que afinal o que faltava em mim era simplesmente encostar-te à e dizer “Merda, B., se não confiar-mos um no outro ao ponto de separar-mos o ‘eu amigo’ do ‘eu apaixonado’ não nos vamos entender como amigos nem passar esta fase de eu não falo contigo sobre isto ou aquilo porque te amo e tu não falas comigo sobre isto ou aquilo porque te amo.


Conseguimos ultrapassar essa fase mutuamente e chegar-mos à conclusão que podemos ser bons amigos embora seja para qualquer um de nós difícil de esquecer o que sinto por ti.







E também foi um bom passeio. Tivemos ali daquele lado. Bem giros os cães.





Adeus “nevoeiro”. A cor de hoje foi o vermelho. Afinal tu escolheste a cor. À tarde – Vermelho Lion of Porches! À noite – Vermelho Gant! Vermelho…








Obrigado...

=)

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Cores da Vida...

Rosa Choque?? Amarelo?? Que cor bonitas.. Tente agora imaginar a merda de um cinzento ou de um preto eléctrico...

Preferem a ponte da Arrábida ou a do Freixo? Sou tão parvo... May be a wish, but not a solution..



Não que este seja O post... é mais um comentariozito..


A manhã até correu mais ou menos bem... agora (ver o meu comentário ao artigo "Nevoeiro" no blog Paineis de Aveiro.) a minha vida, o meu coração, está com bastante nevoeiro...
Pouco me resta dizer para além de um reforçar ao "why?" do nick André, que por acaso é o meu "why?" no meu comentário ao primeiro post de "O que te vai na alma!!"



Se calhar logo posto alguma coisa... Camões... Apetece-me falar de Luís Vaz de Camões!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Tudo me sabia assim: doce e amargo


Acordei nessa manhã como noutra qualquer com a luz da sol matutino a entrar pela janela do nosso quarto. Mas, havia uma diferença, já não estavas ao meu lado na cama. Como todos os dias tinhas estado. Mais do que sentir falta do teu corpo ali ao lado na cama, senti falta do teu doce acordar. Do toque macio da tua pele. Depressa percebi, pelo pequeno-almoço que me preparaste, a razão da tua alva ausência. O meu sumo de laranja e um yogurt CoconutLight. Só tu me conheces assim tão bem…


Entre os teus beijos e afagos lá fui começando o doce sumo amargo de laranja.. Tudo me sabia assim: doce e amargo – era bom ter-te ali comigo. Era bom sentir a tua pele a tocar a minha a todo e qualquer momento. À noite quando te aconchegavas na almofada depois de um só nos tornar-mos. Mas aquela primeira refeição era preciosa para mim.


Ouviu-se então aquela música horrível das Pussycat Dolls. Don't Cha?? Oh Poseidon… Ainda é tão cedo… é mesmo necessário os vizinhos terem a música tão alto?

Escusado será dizer que por causa deste barulho fiquei sem pequeno-almoço, sem sonho. E SEM TI!


É claro que tudo isto aconteceu na noite daquela nossa conversa onde tentava perceber o que falta entre nós… Simplesmente o que falta para que confies em mim.. Não te conheço: não falas sobre a tua família, os teus amigos, os bons e os maus momentos, não falas sobre os teus problemas ou o que te atormenta…

E depois de te confrontar com isto dizes-me que não sabes o que me dizer e que achas (ACHAS? Olha… fode-te!?) que nada falta em mim para que fales mais comigo. Parece-me lógico o que disseste depois: Falarmos sobre outras pessoas é complicado por causa dos meus sentimentos… e depois desta mensagem só em apetecer apagar o “Olha… fode-te!?” (prometi a mim mesmo que não apagava nada do que já tivesse escrito a não ser que tivesse mal escrito…). Apetece-me isso e chorar… acabaste a mensagem com um “e se te falar de certos assuntos parece que te vou tar magoar +”…


Magoar mais? Não te posso culpar (apesar de já o ter desejado) pela mágoa que tenho “por não gostares de mim nem metade do que gosto de ti” (cantem tenores ou chorem viúvas,… 21/03/’07)



Desculpa se nem sempre consigo dizer o que me vai na alma!!






quarta-feira, 4 de abril de 2007

..there are moments when I don’t know if it’s real or if anybody feels the way I feel..




Fernando, só Fernando, poderia ser como falamos de Fernando Pessoa – ao invés de Pessoa. “Tratá-lo” por Pessoa é só em si uma contradição. Fernando é um homem de grandes talentos e dos mais diversos heterónimos. Caeiro e Reis são exemplos de homens que Fernando guardava dentro de si e que soltava nas então páginas em branco.

É assim o homem – o que julgam? –, um misto de personalidades e sentimentos. Somos, todos e cada um de nós, um Fernando sem queda para a escrita mas para a estupidez. E sim eu também sou estúpido, sou mais do que isso… Sou realmente um parvo que precisa de encontrar um (novo?) sentido para viver. Não que tenha perdido o Norte, o meu sentido, mas e a K. diz a mesma coisa: “Precisas de andar para a frente. O tempo é a solução de muitos dos nossos problemas, o tempo tudo resolve!”


Sim K., eu sei que prometi que falava de Fernando Pessoa e não de B., mas é mais forte do que eu. O amor é mais forte do que eu… e apesar da nossa conversa ter sido cheia de “não sei” da minha parte se há coisa que sei é que o meu sentimento por B. não é uma coisa que se ultrapasse de um momento para o outro. E se, B., a vossa separação me devia ter trazido algo de positivo não trouxe. Talvez apenas mais tempo contigo, mas há sempre aquela estória “da proximidade e da distância, a proximidade da distância e a distância da proximidade. [Como te dizia no outro dia.] Bem, que confusão. No fundo o que queria dizer com tudo isto é que tenho pena de um ano depois estar tão longe de ti quando o meu coração está tão perto e saber que tenho o teu coração tão longe quando tão perto estamos.”


E como já falei (até do que não devia) termino aqui!


(Grande filme! =D)
Way Back Into Love


I’ve been living with a shadow over head

I’ve been sleepin’ with a cloud above my bed
I’ve been lonely for so long
Trapped in the past, I just can’t seem to move on

I’ve been hiding all my hopes and dreams away
Just in case I ever need them again someday
I’ve been setting aside time,
To clear a little space in the corners of my mind

All I want to do is find a way back into love
I can’t make it through without a way back into love
Ohh

I’ve been watching but the stars refuse to shine
I’ve been searching but I just don’t see the signs
I know that it’s out there
There’s got to be something for my soul somewhere

I’ve been looking for someone to shed some light
Not just somebody to get me through the night
I could use some direction,
And I’m open to your suggestions

All I want to do is find a way back into love
I can’t make it through without a way back into love
And If I open my heart again
I guess I’m hopin’ you'll be there for me in the end

There are moments when I don’t know if it’s real
Or if anybody feels the way I feel
I need inspiration, not just another negotiation

All I want to do is find a way back into love
I can’t make it through without a way back into love
And If I open my heart to you
I’m hopin’ you'll show me what to do
And if you help me to start again
You know that I'll be there for you in the end