quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Estás a trabalhar e eu, invariavelmente, estou preocupado com “o que fazer para o jantar”. Apetece-me arroz de marisco. Onde encontrar o melhor arroz de marisco de Cascais? No cosmopolitan.pt, o restaurante do Afonso. Pego no telefone e ligo: “Sorry. We can’t establish connection to the number you dial. Try again later.” Foi o que eu fiz: tentei de novo. Continua a não dar. Quero mesmo arroz de marisco nem que tenha que ir agora cozinhar. Se há coisa que detesto é cozinhar. Vou tomar banho e vestir-me para ir às compras, são seis da tarde, ainda tenho tempo!

– São doze euros e trinta e quatro cêntimos, por favor. – Fiquei a olhar para o rapazinho da caixa do Jumbo. Giro, louro, olhos azuis escondidos por detrás de uns óculos de massa brancos.
– Dez, doze, vinte, trinta… e… cinco. – Ele, Ricardo Fernandes, dá-me o ticket e o meu cêntimo. Fazes colecção! Quem é que faz colecção de moedas de um cêntimo de euro? Só mesmo tu!
– Obrigado, boa tarde.
– Obrigado, igualmente.

O trânsito estava caótico e fez-me demorar mais a chegar a casa do que a fazer compras, mandei-te mensagem a dizer o que ia fazer para jantar e a pedir que não te demorasses porque depois o arroz seca. Cebola, tomate, alho, pimento, azeite, piri-piri e tenho o estrugido pronto. Já estou farto de cozinhar mas é para ti. Estou feliz: mandaste-me mensagem a dizer que te está mesmo a apetecer arroz de marisco. Prometeste que não chegavas atrasado hoje. Acabei de fazer o arroz. Oh como cheira bem aqui em casa. Já deves ter saído do escritório há pelo menos uns dez minutos e mais um quarto de hora e estás em casa. Na televisão dizem que agora o trânsito está calmo. Começam as notícias: homem viola mãe, idosa, com Parkinson; processo de corrupção no futebol arrasta-se há sete anos; presidente do banco da esquina demite-se por exigência do conselho de administração; cinco mortos, dois feridos graves e um ligeiro no acidente do nó de uma estrada com outra; casal gay suicida-se, em conjunto (?) porque há seis anos que vê recusados os pedidos de empréstimo. Ah…Estás quarenta e cinco minutos atrasado. Levanto-me e ligo-te: – Cherrie, estou a chegar.

Já são nove e meia e ainda não chegaste para jantar. Desisto e sento-me à mesa para jantar. Mesa posta para um: um individual, prato e guardanapo, um copo e os talheres de peixe. Oh… O arroz secou. Está empapado. Levanto-me e deixo o arroz no prato e a água no copo. Quando chegares aquece o comer, se te apetecer. Se não te agradar lava a loiça à mão, porque não vais ligar a máquina só por causa disso. Adeus, vou-me deitar. Não me fales, deixa-me dormir.

sábado, 22 de setembro de 2007

Sim, vai sem mim...

Era sexta-feira e para variar tínhamos o ensaio. Mas daquela vez seria diferente: eu estava chateado contigo e não ia ao ensaio, contigo. Só ainda não to tinha dito, dir-te-ia quando saísses do banho e te começasses a vestir.
Não foi preciso percebeste que assim seria por não ter a minha roupa pronta, em cima da cama, ao lado da tua, como habitualmente fazíamos – Tu despias-te, escolhias a tua roupa para essa noite, estendia-la em cima de cama, como se de um manequim se tratasse, e ias tomar banho. Eu pegava e repetia os teus passos, vezes e vezes sem conta, até ter decidido que roupa levar. Ia tomar banho, cruzando-me contigo no caminho, para mais um daqueles momentos eroticamente apaixonados quais preliminares.

Eu estava sentado na poltrona e tua chegaste à sala, puseste-te entre mim e o Dr. Chase (a ver House, invariavelmente) e disseste achar a minha atitude pueril, impensada e completamente descabida da realidade. “Estou lá por tua causa. Não vou sozinho. Não vou.”
Oh… como não reagi, limitando-me a semicerrar os olhos enquanto espingardavas os meus defeitos, resolveste ir até ao ensaio sem mim (com o meu carro?) e acabaste por te divertir à grande. E que o diga o cheiro a tabaco que emanavas essa noite. Seria normal se fumasses.







Chegaste a casa tardíssimo, aparentemente pouco preocupado comigo, a cheirar a fumo e a gordura de fritos de um qualquer restaurante barato da cidade. Divertiste-te, bebeste, jogaste bowling… Deitaste-te na cama e fizeste questão de não me tocares… não estavas de bem comigo mas… eu continuo na minha: Eu tenho razão para estar magoado contigo. Deixaste secar o arroz de marisco.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Viagens da minha terra..

...para outras!

Estou sentado enquanto espero a partida do comboio. À minha frente um homem de fato preto com as beiras do colarinho do ceda preta, conheço-o - é um Zara primavera-verão '06. Os miúdos entram saídos dos ciclos e das secundárias. Ainda não vêm muito carregados de livros. Finalmente arrancou. Sempre pontual. Pelo menos assim o é quando estou eu atrasado. Vão entrando pessoas no caminho. Todo o tipo de pessoas: alunos, professores, reformados, feirantes.. Oh como me custa a viagem.. Aquela mistura de odores corporais.. Sinto-me claustrofóbico. Detesto os transportes públicos. Não por causa das pessoas, sinto-me alérgico aos mais diversos cheiros que as pessoas "carregam"..

Conheceram elas os desodorizantes e as pastilhas para o mau-hálito?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007















Um dia compro umas Crocs e vou trabalhar para o hospital...








[como te prometi!]