sábado, 21 de março de 2009

Crónicas de nada





Aqui há dias pediram-me que escrevesse uma crónica… Simplesmente isto. Que me sentasse e escrevesse sobre algo, minimamente, interessante! A verdade é que fui perdendo este meu (pouco) jeito para as palavras. E perdi-o pela mesma razão pela qual o fui adquirindo. Ganhei-o – e perdi-o – porque leio. Nestes últimos dias, reli Caracteres do Frederico e comecei a ler Nada de melancolia de Pedro Mexia.

A início pensei que a minha capacidade de escrever pensamentos com mais facilidade que a concretiza-los na minha cabeça tivesse fugido com a literatura light à qual me andei a dedicar mas, sinceramente, agora sei que o meu problema é ter a noção que sou tão mau escritor (um exemplar escrevinahdor!) e que não interessa sobre o que escrevo que nunca me há-de sair bem. Mexia escreve sobre Judas, os símbolos patrióticos, o tamanho médio do documento (o pénis). Podia até escrever sobre rigorosamente nada (que é o que estou nitidamente a fazer) e sair-lhe-ia o melhor dos ensaios.

Pensei em música, surgiu-me a dúvida: “instrumental ou clássica, Felipe?”; pensei em escultura mas não percebo nada de escultura; pensei em escrever sobre a minha incapacidade de escrever e só em lembrei de sonantes nomes da escrita neste nosso país. Então decidi que ia simplesmente contar-vos que nestas artes de letras sou um zero à esquerda (já dizia Carlos Paião “com zero a zero vai tudo bem”), um nabo, alguém que se limita a escrever para si próprio e que realmente só tem jeito para ler, e num limite para escrever sobre nada para que não sejam feridas susceptibilidades.

Fica então por escrever a crónica pedida. Fica “isto”. Se de crónica quiserem apelidar… Os meus pêsames!




sexta-feira, 6 de março de 2009

Outras Vidas em Rosa Choque - Os Azeitonas











Os Azeitonas.. Nascidos em Ibiza no Verão de 2002 Os Azeitonas afirmam ser a “primeira boysband de garagem”, mais do que isso são a única boysband com um elemento feminino na formação.

Marlon, Nena, Miguel AJ e Salsa. Os quatros elementos da banda que partilham, normalmente, o palco com outros músicos da nossa praça, como sejam os Horn Flakes.


Vidas em Rosa Choque (VeRC) – Conversemos então com Miguel Aj d’Os Azeitonas. Contem-nos o que é isto de serem uma “boysband plus a girl”?

AJ – Boysband de garagem, porque ao inicio eramos 4 vocalistas e faziamos umas coreografias parvas, em jeito de boysband. De garagem, porque aliada à estetica de uma pseudo-boysband, estava presente (e ainda está) a ética de uma banda de garagem. Atrás, nos coros, estavam a nena e a babi, as duas azeitonettes. Com a saída de dois vocalistas e da babi, a nena saltou para o plano dianteiro, e passamos a ser a primeira boysband do mundo com um membro feminino. uma membra, neste caso.


VeRC – Três anos depois da formação inicial sai o vosso primeiro álbum, “Um Tanto ou Quanto Atarantado”. Como foi lançar um disco? Estavam à espera de um dia partilharem palcos com o Rui Veloso, José Cid, Armando Gama, Adiafa, Trabalhadores do Comércio, Táxi e muitos outros?

AJ – Não estavamos à espera de gravar nenhum disco. Formámos a banda por gozo, e demos 2 ou 3 concertos em bares de amigos, para amigos. No fim desse ciclo resolvemos gravar uma maquete na Escola Superior de música onde o Salsa andava a estudar, só para ficar como lembrança, e resolvemos dar por encerrado o projecto. Só que essa maquete andava perigosamente a saltar de mão em mão, e acabou nas mãos erradas: as do Rui Veloso, que acabara de criar uma editora. Foi dele a culpa de ter criado este monstro. Dali até estarmos ombro a ombro com o José Cid num palco foi um tirinho. Isso de partilhar palco com esse pessoal parte da nossa lata, principalmente do salsa, que não se ensaiou nada para descobrir os telemoveis do pessoal e ligar na maior das latas. Todos alinharam, sem excepção. O pessoal alinha, por regra. Às vezes, quem convida, é que faz cerimonia, mas ficamos a saber que é escusado estar com timidez, nesse aspecto. Convidar não ofende...



VeRC – Sai entretanto um livro que é um CD (ou será um CD que é um livro e uma rádio?) e entretanto preparam um álbum que não é um CD. Esta vossa atitude é a vossa irreverência perante a vida e o Mundo?

AJ – Não tem nada de irreverente. Tem a ver com romper com certos preconceitos instituidos. Parte de olhar em volta e ver que o rei vai nu. Se chegasse aqui um extraterrestre, concerteza que se iria espantar ao ver que em Portugal, 90% das bandas ainda editam essa coisa do CD. Não fazemos estas coisas com o objectivo de escandalizar. Os nossos interesses são sempre egoistas: é a pensar em nós, e no que melhor nos convém. Se no fim resulta como uma coisa polémica ou irreverente, é porque se calhar sai fora dos esquemas normais, quando estas coisas é que deviam ser a norma, e um dia não muito distante hão de ser.



VeRC – “Sílvia Alberto” é um tema dedicado à apresentadora. Uma personalidade actual. Mas “Lisboa Não é Hollywood” fala-nos de Cândida Branca Flor e “Cantigas de Amor” é uma homenagem a Tony de Matos. A vossa música é, também, forma de trazer a todos os que ouvem Os Azeitonas nomes que muitos já esqueceram e outros nem sequer conhecem?

AJ – "Sílvia Alberto" é uma daquelas músicas que me andava na cabeça sem letra, ou com uns sons cacofónicos meio ingelsados. Quase todas as músicas que eu faço começam assim: uma melodia num inglês sem palavras. Partiu da necessidade, imposta a mim próprio, de meter à força uma letra em Portugês, e calhar de estar a dar o dança comigo nesse preciso momento. O "Lisboa não é hollywood" foi talvez a música mais rápida que eu fiz na vida, porque saltou a fase do processo mais complicada: a de ter uma ideia. Foi o Marlon, no messenger, que sugeriu fazermos uma musica com o nome dum episodio do Duarte e Companhia que ele tinha acabado de ver "Lisboa não é Hollywood". É um nome bem fixe. Ele sugeriu fazer-se uma homenagem à Florbela Queiroz. ´Fiz a letra e a música logo duma assentada, e nem dei tempo de se cumprir a sugestão do Marlon: "fazer-MOS" uma musica. A musica começava "Florbela chega de capeline..." e por aí fora, até que a protagonista morria no fim. Ele chamou-me a atenção para o facto de eu ter confundido a Flobela Queiroz com a Candida Branca Flor, mas ficou mais facil mudar a primeira frase para "Olha a Cândida de capeline", do que estar-lhe a salvar a vida no fim. São coisas do destino. A Cantigas de Amor veio duma fase em que eu andava a ouvir muito Tony de Matos, e às vezes é mais fácil fazer musicas assim, a imaginar outra pessoa a cantar. Meti-me na pele do Tony, salvo seja, e facilitou. Saiu bem, essa é talvez a música que eu mais gosto, das que fiz até hoje. A primeira frase é uma citação do "Vendaval", cantada pelo próprio. "O vendaval passou, nada mais resta..." Mas respondendo à pergunta, estas letras vão sendo feitas sem grande fim à vista, não tem nenhum fim pedagógico.



VeRC – Lê-se no vosso blog que “o homem em quem a emoção domina a inteligência recua a feição do seu ser a um estádio da evolução anterior, em que as faculdades da inibição dormiam ainda no embrião da mente.” Podemos dizer que os Az pretendem ajudar-nos a manter esse equilíbrio ente emoção e inteligência? É dai que surgem a ironia e sarcasmo tão característicos da banda – nas letras, em mails, nos posts no vosso site,…?

AJ – Essa frase é ipsis verbis roubada do Bernardo Soares, no Livro do Desassossego. Tem a ver com gostar-se de algo sem o filtro da inteligência. Como se se fosse uma criança, sem pensar. Gostar ou não-gostar apenas e só baseado nas primeiras impressões da sensibilidade. Num adulto não é possível, a não ser que se faça esse exercício de ir mais além, recuando. Mas nós não pretendemos ajudar as pessoas que nos ouvem a fazer coisa nenhuma, é isso que a frase diz. Se gostarem, gostem. Se não gostarem não gostem. Mas seja como for, que venha do próprio. Naõ se faça da musica nenhuma militância. Não se leve demasiado a sério, como nós não levamos. A auto-ironia vem disto.



VeRC – RFM, MTV, grande parte dos palcos do nosso Portugal… Onde querem Os Azeitonas ir depois?

AJ – Queremos conquistar o mundo, e depois a antena 3!! Queremos ganhar um prémio qualquer que nos seja entregue pela Sílvia Alberto.


VeRC – Obrigado ao Azeitonas por este bocadinho.. E pela generosidade e prontidão com que atenderam este pedido do Vidas em Rosa Choque para abrirem este novo projecto.

AJ – Ora essa, é sempre um gosto!




Os Azeitonas podem ser visitados em:

http://blog.osazeitonas.com/ e em http://www.myspace.com/osazeitonas

quarta-feira, 4 de março de 2009

Outras Vidas em Rosa Choque..







Vai abrir uma nova faceta do Vidas em Rosa Choque… Chamemos-lhe Outras Vidas em Rosa Choque! O objectivo é falar-vos de gente do nosso País à beira-mar plantado que anda por ai a mudar o Mundo.. Músicos, Instituições de Caridade, Bandas, Associações Desportivas, Aqueles que tentam dar de si o que têm.. Tudo isto em jeito de entrevistas, sempre que possível o contacto com os ditos.. Quando tal não for possível tentarei dar-vos uma espécie de biografia que nos conte os feitos daqueles que querem tornar a nossa Vida mais colorida…


A primeira entrevista já está na forja.. Vinda directamente do Porto.. Mais lá para a frente saberão quem são.. Ainda que acredite muitos de vocês já sabem de quem falo..
Entretanto aguardo propostas de gente que queiram ver retratada e aproveitem para opinar sobre esta ideia…

terça-feira, 3 de março de 2009

Dança o vento... A nascer, a amar, a pintar a cor do ar...

Texto publicado ontem, no maltinha!






Não sei o que vou escrever.. Ao contrário da maior parte dos meus texto do género não pensei nas palavras antes.. Não escrevi no meu caderno.. Não passei para o word, não imprimi.. nem reli vezes e vezes sem conta antes de o publicar.. Mas em tudo na vida temos que escolher algumas oportunidades para falarmos (ou escrevermos, no caso) sem pensar.. E é ao que chamamos 'vida' que eu não sei o que fazer.. Estou cansado disto.. Deste quotidiano Carnaval, onde, de nós, os outros já só vêem máscaras.. Quando estamos tristes temos sempre o maior dos sorrisos para oferecer.. e só quando estamos no limite é que explodimos e sai de nós a raiva, a má-disposição.. e tantas vezes, também, a má educação...

Pergunto-me porque é que tem que ser assim? Porque é que não posso fugir daqui.. começar do zero...

Queria a sorte de um cartoon, como diria a música,... Queria ser feliz, ter alguém a meu lado, viver a minha vida... sem disfarces, sem politicamente correctos...

Não me perguntem que me deu hoje para vos escrever... Porque senti a necessidade de escrever sobre mim quando sempre criei histórias (algumas com uma qualidade que deixa muita a desejar) e estórias para libertar alguma da tensão...

Escrevo talvez para que saibam que, no matter what, gosto muito de todos vocês e que aprendi muito com cada um de vós... Maridos, mulheres, pais, filhos, amigos, conhecidos...

Sejam felizes...

Um abraço, um beijo!