sexta-feira, 24 de abril de 2009























(pago um café no Magestic a quem advinhar o poruqe da escolha desta fotografia)




"Com a minha mania de ajudar os empregados de mesa fui ao balcão buscar a bica, tu pensaste que eu me tinha ido embora, então levantaste-te e foste atrás de mim mas com o que tu não contavas era que eu voltava e que a tua vitória até então passaria a ser um empate. Quando voltava para a minha mesa tu estavas diante de mim e eu tremi do pés à cabeça, num arrepio que não mais voltei a sentir, e está claro que atrapalhado derrubei a chávena de café em cima de ti. Não foi muito romântico, tenho de te confessar, que a primeira palavra que me disseste a olhar mais dentro dos meus olhos fosse merda."

domingo, 19 de abril de 2009

“‘Pode um desejo imenso…’

Quis ouvir a tua voz, por poucos segundos que fosse… Sintia a tua falta. Sintia que estava a perder aquilo que nunca tive – tu!
Agora… Sinto-te ainda mais longe: não vais lá estar!
Não… Acho que o problema não é bem esse: sinto a falta de sentir a tua falta como dantes. Vi-me obrigado a ter a certeza que não te ia ter para mim: tive que começar a pensar em te esquecer! Queria-te só para mim. Queria-te?, quero-te?, não sei se importa mais. Sei que nunca te vou ter: qual Nuno que perde um Filipe que nunca teve. Só me falta deixar-me levar pelo ‘curso das estrelas’, esperando não parar ‘à beira do mundo’. Porque se assim for: Atiro-me!


Atiro-me!
Atiro-me!” (by.unknown)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

"Nunca manhã suave
estendo seus raios pelo mundo,
depois da noite grave,
tempestuosa, negra, em mar profundo,
alegrou tanta nau, que já no fundo
se viu em mares grossos,
como a luz clara a mim dos olhos vossos…


– Para mim é das estâncias mais perfeitas de Camões.
– Nuno, tenho tanta pena de não assistir à tua comunicação... que chatice, as análises...
– Pois é, já não vais poder fazer claque com as moscas.
Filipe sorriu. – Mas depois dás-me o texto, para eu ler.
– Claro – disse Nuno. – No fundo é uma réplica ao teu lindíssimo trabalho; concretamente à parte sobre o lamento de Frondélio na Écloga I, onde eu achei que podia pegar na questão de outro modo… depois podemos falar do assunto se quiseres…
– A melhor coisa da minha vida são as nossas conversas.
Nuno fechou os olhos e respirou fundo. Ao abri-los retribuiu serenamente o olhar do Filipe. – Para mim também.
– Tenho estado a pensar no que aconteceu ontem... acho que as coisas já me estão a fazer mais sentido... Nuno, percebes o que eu quero dizer?
– Acho que sim, não sei...
– Mas atirar tudo ao ar, doa a quem doer... Nuno, não sei se sou capaz, estou num dilema terrível...
– Filipe, por mim as coisas serão como tu quiseres. Não vou pedir nada. Quem pede, quem vai tomar essa decisão, és tu."




in 'pode um desejo imenso', by Frederico Lourenço.