sábado, 9 de agosto de 2008

...água e cloreto de sódio!





Pegou mais uma vez no telemóvel. Tinha tentado ligar-lhe durante o dia todo. Não atendia. Não atendeu uma única vez. Era ainda cedo para lhe ligar para casa, de certo não teria ainda saído do trabalho mas ele precisava tanto de lhe falar. “Não percebo porque perdes tanto tempo no jornal” – pensava Salvador.


Por volta da hora do jantar chegado a casa e ligou para o telefone fixo. Deixou mensagem e o telefone tocou cinco minutos depois:


– Olá minha querida! Estava difícil falar contigo hoje.

– Olá meu querido, desculpa não ter atendido o telemóvel mas estive a trabalhar numa
reportagem sobre adopção.

– Oh nem me fales nisso… São uns hipócritas: TODOS.

– Sim Salvador, mas não me ligaste dezoito vezes para falarmos sobre a adopção muito menos sobre o meu trabalho. Passa-se alguma coisa contigo.. convosco?

– É mais ou menos isso… connosco… Agora comigo. O Mauro saiu de casa, disse que era de vez, e que ia voltar para o Algarve. Que este não é o sitio dele. Muito menos ao meu lado. Que sou um egoísta, que só penso em mim, e que… – Silêncio! Desato num pranto infindável de água e cloreto de sódio!

– Amor… Jantar para dois em minha casa hoje. Estou a ver que precisas de conversar.

– Não… vem antes aqui… não me sinto capaz de sair de casa. Passa no Cosmopolitan.pt e traz qualquer coisa para jantarmos.



E passaram a noite agarrados a rever aquilo a que chamavam “os filmes das nossas vidas” agarrados um ao outro e ao cobertor. Salvador não tinha deixado ainda de pensar no amante, no companheiro, no amigo, em todo o que Mauro representava para ele e em todas as coisas que haviam feito juntos, especialmente na casa branca da R. das Oliveiras em Sintra.










2 comentários:

Martinha disse...

Mais um texto muito interessante Hugo. ;)
Gostei de te ver ontem.
Um beijo *

Sandra Daniela disse...

Depois de água e cloreto de sódio, um bom abraço, um cobertor e um "filme da nossa vida"... Tudo é bem-vindo!!



Um beijinho,Hugo!!!