
Bye Bye Summer....

Pegou mais uma vez no telemóvel. Tinha tentado ligar-lhe durante o dia todo. Não atendia. Não atendeu uma única vez. Era ainda cedo para lhe ligar para casa, de certo não teria ainda saído do trabalho mas ele precisava tanto de lhe falar. “Não percebo porque perdes tanto tempo no jornal” – pensava Salvador.
Por volta da hora do jantar chegado a casa e ligou para o telefone fixo. Deixou mensagem e o telefone tocou cinco minutos depois:
– Olá minha querida! Estava difícil falar contigo hoje.
– Olá meu querido, desculpa não ter atendido o telemóvel mas estive a trabalhar numa
reportagem sobre adopção.
– Oh nem me fales nisso… São uns hipócritas: TODOS.
– Sim Salvador, mas não me ligaste dezoito vezes para falarmos sobre a adopção muito menos sobre o meu trabalho. Passa-se alguma coisa contigo.. convosco?
– É mais ou menos isso… connosco… Agora comigo. O Mauro saiu de casa, disse que era de vez, e que ia voltar para o Algarve. Que este não é o sitio dele. Muito menos ao meu lado. Que sou um egoísta, que só penso em mim, e que… – Silêncio! Desato num pranto infindável de água e cloreto de sódio!
– Amor… Jantar para dois em minha casa hoje. Estou a ver que precisas de conversar.
– Não… vem antes aqui… não me sinto capaz de sair de casa. Passa no Cosmopolitan.pt e traz qualquer coisa para jantarmos.
E passaram a noite agarrados a rever aquilo a que chamavam “os filmes das nossas vidas” agarrados um ao outro e ao cobertor. Salvador não tinha deixado ainda de pensar no amante, no companheiro, no amigo, em todo o que Mauro representava para ele e em todas as coisas que haviam feito juntos, especialmente na casa branca da R. das Oliveiras em Sintra.
No outro dia, numa conversa com uma amiga sobre sua Santidade, o Papa Bento XVI, dizia-se que se achava bem trazer os cantos gregorianos de volta às celebrações e tornar a saudação da paz mais sóbria, já retomar o latim era outra conversa. Como as minhas conversas sobre religião com essa minha amiga conseguem sempre ser o mais rápido que é possível imaginar, eu consegui disser: "Se o Diabo veste Prada, o Papa não pode calçar Prada!". " Dissemos mais umas duas ou três parvoíces e depois acabei a dizer-lhe que o Ratzinger acabou por dispensar os serviços da família Gammarelli, que confeccionava as vestes papais desde 1792, contratando o alfaiate dos seus tempos de cardeal, Alessandro Cataneo, e Raniero Mancinelli, dono de uma marca especialista em indumentárias religiosas de luxo.
Assim o Papa demonstra um certo gosto pelo uso das peles que faziam já parte do "guarda-roupa papal" e que não eram usadas desde os anos 60, recuperando pequenas capas, chapéus e gorros usados pelo Papa João XXI, que morreu em 1963. Óculos Gucci e sapatos Prada também fazem parte dos seus acessórios. Estamos a um passo de tornar real a cena do desfile de roupas eclesiásticas de "Fellini Roma"(1972).