quarta-feira, 16 de julho de 2008




- Porquê?

- Porque, quando as pessoas o lerem, vão deduzir que sou lésbica e catalogam-me de escritora lésbica. Só que eu não vejo nenhuma razão para isso, e tu? Quer dizer, se lesses um livro em que uma mulher se apaixona por outra, partias do principio que a escritora é lésbica?

- Bem, por acaso sim.


Liza soltou mais ou menos um guincho.


- Mas porquê? – gritou. – A escritora não podia estar só a escrever o livro por achar o tema interessante?

- Possivelmente, mas não foi isso que me perguntaste – disse eu. – Estavas a perguntar-me se as pessoas deduziam, depois de lerem o livro, que a escritora era lésbica, e o que estava a dizer é que, sendo o mundo como é, era provável que sim.

- Mas isso é uma estupidez! Seja como for o livro está na terceira pessoa. Começou por estar na primeira pessoa. Mas, depois, mudei para a terceira pessoa. Grande parte do livro é escrito do ponto de vista do namorado da heroína. Não achas que isso devia fazer alguma diferença?






2 comentários:

Martinha disse...

Ora aí está uma dedução errada, uma espécie de silogismo falacioso. Não se pode considerar uma escritora lésbica por ter escrito uma história em que a protagonista se apaixona por uma mulher. Como está aí dito, a história desenrola-se na 3ª pessoa. Autor (diferente) Personagens e enredo.

Beijo *

Sandra Daniela disse...

é por esses conclusões erradas... que muitas das vezes as pessoas se escondem, e perdem-se talentos...


beijinhos