[Nota: no post de 21 de janeiro de 2009, o titulo deverá ser, agora, "Felicidade Plena?... - Parte I". Nesse post foram também feitas algumas correcções gramaticais, ideológicas e outras.
Obrigado Baltazar pela sugestão!]
Foi uma noite intensa… um quarto imerso numa volúpia cor-de-rosa, com cheiro de sexo bem quente… Este rapaz deixa-me louco… Estou exausto e já é de manhã, ao meu lado, já ninguém: um lugar frio, mas ainda a certeza do seu calor em mim, e ainda estava em casa – o relógio estava na almofada… Não tenciono levantar-me tão cedo… Meu Deus, que cansaço…
Foi nesse momento que Victor entra no quarto com um tabuleiro e um fantástico pequeno-almoço para dois – desde há algum tempo que não tomava um pequeno-almoço em condições.
Tomámos o pequeno-almoço relativamente depressa, aproveitei, entre os dolces beijos e o tempo em que ia buscar qualquer coisa ao tabuleiro, para me vestir – decidi levar o Victor ao colégio, adoro não ter nada que fazer.
Assim foi… Fomos até lá, despedimo-nos com um beijo, que não sei se não lhe causará nenhum problema lá no colégio, e fui até à loja.
Perco-me no meio de tanto trabalho:
– Sr. Engenheiro, o computador não funciona…
– Sr. Engenheiro, como anulo a compra?
Perco-me… Sim, é verdade que tenho que as aturar… Mas pago-lhes para serem competentes. Além disso, estou preocupado com o Victor! Ainda não consegui perceber o que ele realmente quer da vida.
Depois de conferidos os lotes recebidos, assinado meia dúzia de cheques, voltei para casa… Tinha combinado ir jantar com o Miguel, que é muito menos louco que o Victor, mas que com a sua paixão me consegue sempre convencer a aceitar os seus pedidos... Afinal de contas, ainda namoramos (?).
Um duche, vesti-me a correr e estou pronto para ir jantar. Estou atrasado como sempre… Mas o Miguel já me conhece: esperava por mim na, sempre, nossa mesa, já tinha pedido o vinho…
Enquanto comia aquela maravilhosa picanha desbobinei as minhas preocupações com o Victor, às quais ele respondia com um sorriso, que, quase escondia o ciúme. Acho que nunca me apercebi disso. Mas, ele gosta e eu não mudo…
O jantar prolongou-se até à meia-noite, e fomos até ao Trumps,… Só me lembro de acordar em casa... Tinha estado com alguém: preservativos na mesa-de-cabeceira – e não foi com o Miguel, de certeza!
O Victor esteve cá em casa, depois do almoço:
– Vou contar ao meu pai! – comentou.
– Acho que fazes bem, estou cá para te apoiar… A mentira nunca foi a melhor solução.
– Ligo-te logo… Agora tenho que ir. Explicação! Amo-te!
Saiu a correr, mas ainda tive tempo de gritar:
– Boa Sorte!
Nesse dia não consegui falar com ele, tinha o telemóvel desligado e não me atreveria a ligar-lhe para casa. Mas durante a manhã do dia seguinte recebi no meu telemóvel uma chamada da casa dele: era mãe, estava a chorar!
- Sim? Guilherme? É Paula Guerreiro, a mãe do Victor! – soluçava – Esta manhã,.. o… o… o Victor.. Morto,.. no quarto…Suicidou-se!
Desligou o telefone… Fiquei angustiado. Ele, o meu miúdo, matara-se… abri a janela… Gritei… Voltei a fechar e sentei-me a chorar, na beira da cama, onde ele se costumava sentar…
