quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Casamento Entre Pessoas do Mesmo Sexo - Opinião




Até 1967 na África do Sul do Apartheid vigoravam as leis anti-miscigenação, em mais de uma dezena de estados. Subsistiam leis preconceituosas e racistas impossibilitando o casamento inter-racial, uma vez que se considerava que o conceito de “casamento” não incluía “brancos” e “negros”.
Forma várias as alterações sofridas pelas sociedades desde então. Tende-se a valorizar cada vez mais as componentes pessoais e afectivas, ocorrendo também a diversificação dos modelos familiares.
E pretende o Bloco de Esquerda, com o seu Projecto de Lei 14/XI que o modelo familiar constituído por duas pessoas do mesmo sexo (PMS) seja legalmente aceito como casamento – os mesmos direitos e os mesmos deveres.

Considero que começa a ser cada vez mais aceite a homossexualidade (ou a bissexualidade e os transgender), quer a nível do indivíduo quer a nível do casal. Ainda que persista em Portugal a discriminação e a homofobia, confirma o Eurobarómetro que de 2007 para 2008 o valor da discriminação com base na orientação sexual diminuiu 9%.
Valor que poderíamos ver cais se a alteração ao Código Civil, proposta pelo BE fosse aceite – o reconhecimento legal levaria à crescente aceitação social, superando assim estigmatizações e preconceitos.
Dada a realidade europeia e internacional, bem como os debates e discussões já ocorridos sobre o tema, descarto a necessidade de um referendo. Os portugueses votaram em maioria em partidos cujos programas eleitorais ou manifestos (como é o caso do Partido Ecológico os Verdes) incluem, pelo menos, a abertura do casamento civil a qualquer pessoa independentemente da orientação sexual. Para além de que o próprio programa do actual Governo inclui esta mudança – legislar, não referendar.

Fala-se também daquilo que eu, e também o BE, considero um “casamento de segunda”, isto é, possuir constitucional, legal e também, moralmente o mesmo valor que um casamento como existe no momento – limitado a pessoas de sexo oposto – ainda que com um nome diferente. Nada que até os Gato Fedorento não tivessem proposto.

Apenas se pode garantir a igualdade e a não discriminação de LGBT’s com o alargamento do acesso ao casamento (com esse nome, com essa figura legal) a todos independentemente de se tratar de pessoas de sexo diferente ou PMS.
Apenas é proposta pelo BE a alteração de três artigos da Constituição da República Portuguesa e de dois artigos do Regimento da Assembleia da República. Revogando também uma alínea de um artigo do Código Civil.

Elza Pais vem ao JN (10/11/2009) afirmar que “os portugueses têm uma percepção inferior à dos europeus de que a idade possa ser um factor de discriminação no acesso ao trabalho. Relativamente à origem étnica, a percepção dos portugueses está abaixo da média europeia”. Se na Europa a origem ética é o maior factor de discriminação. Em Portugal o valor baixou para os 57%, o que me leva a concluir que no nosso país se promove a igualdade inter-cultural ou inter-racial, esquecendo a igualdade entre heterossexuais e LGBT’s.
Não é, de todo, desculpa para estarmos acima da média europeia relativamente à discriminação pela orientação sexual, o facto de em 2008 esse valor ser 9% menor do que no ano anterior.
Compreende-se que haja sempre alguma discriminação, como acontece ainda hoje com as pessoa de diferentes raças e, ainda que cada vez menos, os casamentos inter-raciais, mas não se compreende o porquê de se demorar tanto a legislar, o que é afectivamente, a igualdade.

Quando questionada sobre o que destacaria em relação ao trabalho já realizado no combate à discriminação com base na orientação sexual a Secretária de Estado da Igualdade indica que o actual Governo ter inscrito no “seu programa o casamento entre pessoas do mesmo sexo […] é uma forma de combater também a discriminação. Basta termos um primeiro-ministro a dizer que vai legislar no casamento entre pessoas do mesmo sexo para criar uma discussão. Falar ao mais alto nível da política de discriminação já é uma forma de a combater”.

Mas debater, prometer, perguntar, referendar não basta. Esta ultima ideia, a do referendo, é só por si, algo totalmente descabido. Referendar os direitos das minorias é inadmissível, esperar que num país onde o valor da discriminação com base na orientação sexual é superior a 55% é ilógico, é atrasar o progresso. A resolução desse factor discriminatório. Para além de que os argumentos usados pelos defensores do referendo (que são também os que se opõem ao casamento entre PMS) são bastante inadequados sendo referido até que o casamento nada tem a ver com sentimentos ou emoções.
Não tenho dúvidas que a alteração ao Código civil, permitindo o casamento entre PMS faria baixar o número daqueles que se consideram discriminados devido à sua natureza sexual. Levaria a que fosse moralmente aceite este casamento, a que se assimilassem, finalmente, os direitos e os deveres de todos: heterossexuais, lésbicas, homo e bissexuais, transgender, “pretos”, “vermelhos”, “brancos”, surdos, ouvintes e tantos outros diferentes e iguais a todos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

"Wordless"

Não sei que escrever. Na verdade não me apetece escrever, divagar sobre a vida, o amora, a política ou a moda...

..ou as novelas, o ER, a Ugly Betty ou os Ídolos.

Acho que perdi a paciência para a TV, a rádio, os jornais e as revistas.

Senti saudades de vocês os dois mas é tarde para vos falar. Até acho que mudaste de número.



Acabou a febre política, os dias nas mesas de voto, as campanhas, os comícios, as arruadas.
A luta continua. O Bloco de Esquerda continuará a dar frutos.


Eu,.. eu acho que deixei secar a árvore. Reguem-me!




quarta-feira, 30 de setembro de 2009

“Eleitores fantasma” podem ter tirado dois deputados ao Bloco




Segundo um estudo referido pela revista Visão de 24 de Setembro, existem quase um milhão de "eleitores fantasma". Esse elevado número de inscritos inexistentes leva a que a abstenção seja inferior à divulgada, mas pode também alterar a composição do parlamento. De acordo com aquele estudo, os círculos do Porto e de Setúbal deveriam ter mais um deputado cada. No caso das eleições legislativas do passado Domingo seriam ambos do Bloco de Esquerda.

A revista Visão publicou a 24 de Setembro um artigo, que refere que um estudo dos politólogos José Bourdain e Luís Humberto Teixeira, do Instituto de Ciências Sociais e Políticas de Lisboa, apontam para a existência de cerca de 930.000 eleitores fantasmas. Trata-se de pessoas que já faleceram, mas de que não foi dada baixa nos cadernos eleitorais, de recenseamentos duplicados ou de outras irregularidades.

Se o recenseamento estivesse correctamente actualizado, a abstenção teria sido significativamente inferior à oficialmente calculada.

Mas mais grave, segundo o referido estudo, é que o número de deputados a eleger em cada círculo sofreria correcções em quatro casos:

Os círculos eleitorais da Madeira e de Viana do Castelo perderiam um deputado e os do Porto e de Setúbal ganhariam um. Se estes dados estiverem correctos o PS elegeu um deputado a mais, por Viana do Castelo, tal como o CDS, pela Madeira. Os dois deputados, que não foram eleitos, seriam ambos do Bloco de Esquerda: Bruno Maia (Porto) e Jorge Costa (Setúbal).

(Fonte www.esquerda.net)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

tired of....

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Baby It's new age, you like my new craze
Let's get together maybe we can start a new phase
The smokes got the club all hazy, spotlights don't do you justice baby
Why don't you come over here






quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Quem és tu?

...











deixaste-me sozinho!







...mas acho que gosto de ti na mesma! Obrigado por me deixares conhecer-te!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

estar a teu lado?





Sentei-me contigo… Tu a trabalhar e eu a estudar. Pelo menos a tentar. O teu cheiro, o teu respirar, o teu olhar compenetrado. Cada gesto teu me afastava um pouco mais dos pdf’s que tinha à minha frente. Dei por mim a olhar fixamente para ti, sem sequer ter noção que podias ter percebido que te olhava assim.

Tentava entender o que queríamos os dois da noite que se aproximava. Eu queria (como diz a Isabel) fazer “gostar muito”. Não conseguia perceber se era também isso que queria e estavas só a fazer-te forte, de homem do exército, como tu dizes, um homem que se faz à luta.

Queria lutar contigo, contigo e para ti. Estar a teu lado e não desistir nunca (nunca? Pelos menos para já!). Tenho medo de estar a perder tempo. Gosto muito de ti. E agora, quando escrevo, de manhã, sei que não é estar comigo que queres. Pus-me a pensar numa coisa que disse à Isabel. “eu dava tanta coisa por ele”.. Na verdade sentia-me capaz de dar tudo. E era ai que me sentia pequenino: eu dou tudo o que tenho por ti e tu, agora sei, apaixonado por outra pessoa…
Sinto-me de rastos. Que me adianta investir numa relação se tu investes noutra?
Que me adianta lutar para chegar a ti, se a cada passo que eu dou na tua direcção, tu te afastas noutra direcção?





sexta-feira, 26 de junho de 2009

porque dão seda os casulos...

Podia vir falar-vos de linguagens de programação centradas em objectos, podia vir falar-vos em redes e sistemas de computação. Podia vir falar de amores, podia vir falar de desamores...


Podia ainda contar-vos a mania da minha avó... Ora.. Cheguei a casa ontem e a minha avó estava a queixar-se que tinha estado a tarde toda a limpar o pó e que não limpou o meu quarto porque já não teve tempo. Ora, eu f*dido da vida (desculpem-me os palavrões) fui espreitar quando vinha a empregada.. a empregada vinha hoje.. pasmei.. a empregada vem ai amanhã e esta senhora queixa-se qual Gata Borralheira, que esteve a tarde toda em limpezas... mais estava para vir.. ACORDOU-ME ÀS OITO DA MANHÃ (tinha eu chegado à cama às 4h30!) porque tinha que arrumar o quarto para que quando a empregada chegasse só tivesse que limpar o pó (coisa que segundo a minha avó devia ser eu a fazer) aspirar e passar a pano. Respirei fundo e tentei convencer-me que não sou a Escrava Isaura e a outra senhora é que é a empregada...


Vamos ao que interessa e perdoem-me que fale agora só a pessoa em questão. Encontrámo-nos no Café de Ceuta, fomos à Cordoaria, vimos a festinha de São João ali mesmo ao lado, conversamos, desabafaste, (uma das coisas que adorei em ti) tiveste a coragem de assumir que choraste ao telefone com a tua mãe nesse mesmo dia, rimos, vimos fotografias, apanhamos ar fresco, fizemos... fizemos.. porra, fizemos amor... e depois o silêncio, a noite, fizemos amor, de novo o silêncio, a noite, o acordar, a luz do dia, a separação, o silêncio...

e "ainda é muito cedo" para sabermos o que queremos disto tudo...



"
Eu queria ter amarra nesse cais
para quando o mar ameaça a minha proa
E queria vencer todos os vendavais
que se erguem quando o diabo se assoa

Tu querias perceber os pássaros
Voar como o Jardel sobre os centrais
Saber por que dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais

Conta-me os teus truques e fintas
Será que os Nikes fazem voar
Diz-me o que sabes e não me mintas
ao menos em ti posso confiar

"













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M.J.


Michael Joseph Jackson

(Gary, 29 de Agosto de 1958 - Los Angeles, 25 de Junho de 2009)




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segunda-feira, 1 de junho de 2009

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Nasceu o Rafael...



Rafael,

Toda a gente sabe que o Tio andava muito ansioso desde o dia um de Novembro, quando soube que estavas dentro da barriga da (tua) Mamã… Eras tu uma ervilhinha e já eu gostava muito de ti e sabia que um dia ias chegar e íamos ser todos muito felizes por ti. Durante o tempo que estiveste na barriga da Mamã sempre tentei fazer tudo para que ela, tu e o Papá estivessem calminhos e para que tudo corresse bem… Infelizmente amorzinho nem sempre tudo correu bem e um dia, à noite, uma sexta-feira, o Tio, o Papá, a Mamã e a Tia Catarina discutiram e a Mamã ficou muito nervosa. Não acabamos a noite da melhor maneira mas somos mesmo muito amigos na mesma. O Tio ficou com medo que te acontecesse alguma coisa... Juro-te meu príncipe que não queria que nada daquilo acontecesse… Uns tempos mais tarde, a Mamã teve que ir para o Hospital porque estavas mais paradito e o Tio ficou muito preocupado contigo.. Só pensava que podias não estar bem por causa da má conversa que eu e a Tia Catarina tivemos com o Papá e a Mamã. Felizmente tudo correu bem e depois de a Mamã ter passado uns dias a preparar a tua vinda no Hospital resolveste que querias vir conhecer-nos..


Queria que soubesses Rafael que o Tio gosta muito de ti e que está feliz por ter corrido tudo bem e por poder estar contigo e gosta de poder preparar contigo, com o Papá e a Mamã, a longa caminhada que te espera…


Que sejas feliz...


Um beijo!


24 / V / '09

sábado, 9 de maio de 2009

O velho sofá...

Gosto de usar as minhas histórias na vida dos outros. Criar personagens, fazê-las viver o que eu vivo. Cheguei porém a um ponto em que nada disto é possível. Ou a minha vida deixava de ser vivida por mim ou passava eu a viver história inventada ao teclado, sentado num velhinho sofá. Um sofá castanho de pele que havia em casa dos meus bisavós. A pele hoje já mais gasta faz-me pensar que a vida também se gasta. Que os medos, como os rasgões na pela cada vez mais clara do sofá, vão se multiplicando e crescendo, tomando conta das memórias que guardamos da vida, dos momentos sentados no sofá à lareira enquanto escutamos “Abendempfindung” de Mozart na grafonola antiga que hoje já não toca. Sei-o não por já ter tentado mas por a ver tanto tempo parada sem emitir um som.




O sofá precisa de uma pele nova. E manda a nova decoração da antiga sala de música que o sofá seja vermelho. Dói o vermelho. Sinto já o sangue a pingar lentamente de cada ferida.. Mas sei que as feridas saram, o sangue seca, a cicatriz desaparece e a D. Helena limpa o chão manchado de sangue... Fica agora a velha grafonola, o sofá já vermelho e eu… sento-me ao piano a ver quão triste é a vida com um sofá diferente, um sofá que já não reconhecemos. Não vejo nele já qualquer lembrança de mim.. Esqueci-me. Já não acredito em mim. Já não acredito em sofás castanhos… até esses nos fogem…




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terça-feira, 5 de maio de 2009

Questionário

O convite já foi feito a Setembro do ano passado!


01- Que horas são?
13h29
02 - Nome?
Felipe

03 - Quantas velas pôs no seu último bolo de anos?
21

04 - Tatuagens?

Não
, mas quero uma!
05 - Piercings?

Não

06 - Já foi a ÁFRICA?
Não

07 - Já ficou bêbado(a)?
Nop

08 - Já chorou por alguém?

Sim...

09- Peixe ou carne?

Carne!!

10 - Praia ou campo?

Normalmente faço praia, ainda que o campo tenho o seu je-ne-sai-quoi.

11 - Cerveja ou Champanhe?

Champagne.

12 - Meio cheio ou Meio vazio?

Meio vazio =X

13- Música preferida?

Queen | Bohemian Rhapsody

14 - Filme preferido?

O diabo veste Prada!

15 - CD preferido?

Mika - Life In Cartoon Motion

16 - Flores?

Gerberas brancas...
17 - Vícios e manias?

Roer as unhas...
18 - De quem recebeu este questionári
o?
A Martinha é um amor e mandou toda a gente fazê-lo.. hehe

19 - Quais são os seus amigos que vivem mais longe?

O Pedro em Espanha, o Freddy em Glasgow.. sei lá... O meu tio também está longe!
20-Melhor amiga(o)?

Há perguntas que não se fazem...

21 - Deixa o telefone tocar muito ou pouco, antes de atender?
Depende de quem em liga...
loool
22 - Mulher bonita?

Meryl Streep!

23-Homem Bonito?
Eu??
ok ok.. o José Fidalgo ou o Granger... O Hugh Jackman...
24 - O pior sentimento do mundo?

Inveja.

25-O melhor sentimento do mundo?

L'amour.

26 - O que é que mais detesta?
Detesto ficar sem dinheiro ou sem bateria no telemóvel, detesto que mexam nas minhas coisas sem eu saber e detesto esperar (no seu mais lato sentido).
27 - Qual é o seu primeiro pensamento ao acordar?
"Onde é que pus o telemóvel a despertar hoje? Debaixo da cama? Do lado de fora do quarto? Ah.. na gaveta!"
28 - Uma coisa que não tira nunca?

Já passei por isso.. mas canso-me depressa...
29 - O que é que tem debaixo da cama?
Às vezes o telemóvel, normalmente tenho: malas; caixas; sapatos; e outros que tal.
30 - Quem é que acha que vai responder a este desafio mais depressa?
Quem não tiver mais nada que fazer!

31 - Quem é que talvez não lhe responda?

Pela mesma ordem de ideias, quem andar muito ocupado.

32 - Quem é que de certeza lhe vai responder?

Como a Martinha já respondeu, não sei, a Sandra?? (siiiiiiiiiiim)
33 - Quem é que gostava que lhe respondesse?

Todos!




À Sandra, à SóniaRita e à
.

sexta-feira, 24 de abril de 2009























(pago um café no Magestic a quem advinhar o poruqe da escolha desta fotografia)




"Com a minha mania de ajudar os empregados de mesa fui ao balcão buscar a bica, tu pensaste que eu me tinha ido embora, então levantaste-te e foste atrás de mim mas com o que tu não contavas era que eu voltava e que a tua vitória até então passaria a ser um empate. Quando voltava para a minha mesa tu estavas diante de mim e eu tremi do pés à cabeça, num arrepio que não mais voltei a sentir, e está claro que atrapalhado derrubei a chávena de café em cima de ti. Não foi muito romântico, tenho de te confessar, que a primeira palavra que me disseste a olhar mais dentro dos meus olhos fosse merda."

domingo, 19 de abril de 2009

“‘Pode um desejo imenso…’

Quis ouvir a tua voz, por poucos segundos que fosse… Sintia a tua falta. Sintia que estava a perder aquilo que nunca tive – tu!
Agora… Sinto-te ainda mais longe: não vais lá estar!
Não… Acho que o problema não é bem esse: sinto a falta de sentir a tua falta como dantes. Vi-me obrigado a ter a certeza que não te ia ter para mim: tive que começar a pensar em te esquecer! Queria-te só para mim. Queria-te?, quero-te?, não sei se importa mais. Sei que nunca te vou ter: qual Nuno que perde um Filipe que nunca teve. Só me falta deixar-me levar pelo ‘curso das estrelas’, esperando não parar ‘à beira do mundo’. Porque se assim for: Atiro-me!


Atiro-me!
Atiro-me!” (by.unknown)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

"Nunca manhã suave
estendo seus raios pelo mundo,
depois da noite grave,
tempestuosa, negra, em mar profundo,
alegrou tanta nau, que já no fundo
se viu em mares grossos,
como a luz clara a mim dos olhos vossos…


– Para mim é das estâncias mais perfeitas de Camões.
– Nuno, tenho tanta pena de não assistir à tua comunicação... que chatice, as análises...
– Pois é, já não vais poder fazer claque com as moscas.
Filipe sorriu. – Mas depois dás-me o texto, para eu ler.
– Claro – disse Nuno. – No fundo é uma réplica ao teu lindíssimo trabalho; concretamente à parte sobre o lamento de Frondélio na Écloga I, onde eu achei que podia pegar na questão de outro modo… depois podemos falar do assunto se quiseres…
– A melhor coisa da minha vida são as nossas conversas.
Nuno fechou os olhos e respirou fundo. Ao abri-los retribuiu serenamente o olhar do Filipe. – Para mim também.
– Tenho estado a pensar no que aconteceu ontem... acho que as coisas já me estão a fazer mais sentido... Nuno, percebes o que eu quero dizer?
– Acho que sim, não sei...
– Mas atirar tudo ao ar, doa a quem doer... Nuno, não sei se sou capaz, estou num dilema terrível...
– Filipe, por mim as coisas serão como tu quiseres. Não vou pedir nada. Quem pede, quem vai tomar essa decisão, és tu."




in 'pode um desejo imenso', by Frederico Lourenço.

sábado, 21 de março de 2009

Crónicas de nada





Aqui há dias pediram-me que escrevesse uma crónica… Simplesmente isto. Que me sentasse e escrevesse sobre algo, minimamente, interessante! A verdade é que fui perdendo este meu (pouco) jeito para as palavras. E perdi-o pela mesma razão pela qual o fui adquirindo. Ganhei-o – e perdi-o – porque leio. Nestes últimos dias, reli Caracteres do Frederico e comecei a ler Nada de melancolia de Pedro Mexia.

A início pensei que a minha capacidade de escrever pensamentos com mais facilidade que a concretiza-los na minha cabeça tivesse fugido com a literatura light à qual me andei a dedicar mas, sinceramente, agora sei que o meu problema é ter a noção que sou tão mau escritor (um exemplar escrevinahdor!) e que não interessa sobre o que escrevo que nunca me há-de sair bem. Mexia escreve sobre Judas, os símbolos patrióticos, o tamanho médio do documento (o pénis). Podia até escrever sobre rigorosamente nada (que é o que estou nitidamente a fazer) e sair-lhe-ia o melhor dos ensaios.

Pensei em música, surgiu-me a dúvida: “instrumental ou clássica, Felipe?”; pensei em escultura mas não percebo nada de escultura; pensei em escrever sobre a minha incapacidade de escrever e só em lembrei de sonantes nomes da escrita neste nosso país. Então decidi que ia simplesmente contar-vos que nestas artes de letras sou um zero à esquerda (já dizia Carlos Paião “com zero a zero vai tudo bem”), um nabo, alguém que se limita a escrever para si próprio e que realmente só tem jeito para ler, e num limite para escrever sobre nada para que não sejam feridas susceptibilidades.

Fica então por escrever a crónica pedida. Fica “isto”. Se de crónica quiserem apelidar… Os meus pêsames!




sexta-feira, 6 de março de 2009

Outras Vidas em Rosa Choque - Os Azeitonas











Os Azeitonas.. Nascidos em Ibiza no Verão de 2002 Os Azeitonas afirmam ser a “primeira boysband de garagem”, mais do que isso são a única boysband com um elemento feminino na formação.

Marlon, Nena, Miguel AJ e Salsa. Os quatros elementos da banda que partilham, normalmente, o palco com outros músicos da nossa praça, como sejam os Horn Flakes.


Vidas em Rosa Choque (VeRC) – Conversemos então com Miguel Aj d’Os Azeitonas. Contem-nos o que é isto de serem uma “boysband plus a girl”?

AJ – Boysband de garagem, porque ao inicio eramos 4 vocalistas e faziamos umas coreografias parvas, em jeito de boysband. De garagem, porque aliada à estetica de uma pseudo-boysband, estava presente (e ainda está) a ética de uma banda de garagem. Atrás, nos coros, estavam a nena e a babi, as duas azeitonettes. Com a saída de dois vocalistas e da babi, a nena saltou para o plano dianteiro, e passamos a ser a primeira boysband do mundo com um membro feminino. uma membra, neste caso.


VeRC – Três anos depois da formação inicial sai o vosso primeiro álbum, “Um Tanto ou Quanto Atarantado”. Como foi lançar um disco? Estavam à espera de um dia partilharem palcos com o Rui Veloso, José Cid, Armando Gama, Adiafa, Trabalhadores do Comércio, Táxi e muitos outros?

AJ – Não estavamos à espera de gravar nenhum disco. Formámos a banda por gozo, e demos 2 ou 3 concertos em bares de amigos, para amigos. No fim desse ciclo resolvemos gravar uma maquete na Escola Superior de música onde o Salsa andava a estudar, só para ficar como lembrança, e resolvemos dar por encerrado o projecto. Só que essa maquete andava perigosamente a saltar de mão em mão, e acabou nas mãos erradas: as do Rui Veloso, que acabara de criar uma editora. Foi dele a culpa de ter criado este monstro. Dali até estarmos ombro a ombro com o José Cid num palco foi um tirinho. Isso de partilhar palco com esse pessoal parte da nossa lata, principalmente do salsa, que não se ensaiou nada para descobrir os telemoveis do pessoal e ligar na maior das latas. Todos alinharam, sem excepção. O pessoal alinha, por regra. Às vezes, quem convida, é que faz cerimonia, mas ficamos a saber que é escusado estar com timidez, nesse aspecto. Convidar não ofende...



VeRC – Sai entretanto um livro que é um CD (ou será um CD que é um livro e uma rádio?) e entretanto preparam um álbum que não é um CD. Esta vossa atitude é a vossa irreverência perante a vida e o Mundo?

AJ – Não tem nada de irreverente. Tem a ver com romper com certos preconceitos instituidos. Parte de olhar em volta e ver que o rei vai nu. Se chegasse aqui um extraterrestre, concerteza que se iria espantar ao ver que em Portugal, 90% das bandas ainda editam essa coisa do CD. Não fazemos estas coisas com o objectivo de escandalizar. Os nossos interesses são sempre egoistas: é a pensar em nós, e no que melhor nos convém. Se no fim resulta como uma coisa polémica ou irreverente, é porque se calhar sai fora dos esquemas normais, quando estas coisas é que deviam ser a norma, e um dia não muito distante hão de ser.



VeRC – “Sílvia Alberto” é um tema dedicado à apresentadora. Uma personalidade actual. Mas “Lisboa Não é Hollywood” fala-nos de Cândida Branca Flor e “Cantigas de Amor” é uma homenagem a Tony de Matos. A vossa música é, também, forma de trazer a todos os que ouvem Os Azeitonas nomes que muitos já esqueceram e outros nem sequer conhecem?

AJ – "Sílvia Alberto" é uma daquelas músicas que me andava na cabeça sem letra, ou com uns sons cacofónicos meio ingelsados. Quase todas as músicas que eu faço começam assim: uma melodia num inglês sem palavras. Partiu da necessidade, imposta a mim próprio, de meter à força uma letra em Portugês, e calhar de estar a dar o dança comigo nesse preciso momento. O "Lisboa não é hollywood" foi talvez a música mais rápida que eu fiz na vida, porque saltou a fase do processo mais complicada: a de ter uma ideia. Foi o Marlon, no messenger, que sugeriu fazermos uma musica com o nome dum episodio do Duarte e Companhia que ele tinha acabado de ver "Lisboa não é Hollywood". É um nome bem fixe. Ele sugeriu fazer-se uma homenagem à Florbela Queiroz. ´Fiz a letra e a música logo duma assentada, e nem dei tempo de se cumprir a sugestão do Marlon: "fazer-MOS" uma musica. A musica começava "Florbela chega de capeline..." e por aí fora, até que a protagonista morria no fim. Ele chamou-me a atenção para o facto de eu ter confundido a Flobela Queiroz com a Candida Branca Flor, mas ficou mais facil mudar a primeira frase para "Olha a Cândida de capeline", do que estar-lhe a salvar a vida no fim. São coisas do destino. A Cantigas de Amor veio duma fase em que eu andava a ouvir muito Tony de Matos, e às vezes é mais fácil fazer musicas assim, a imaginar outra pessoa a cantar. Meti-me na pele do Tony, salvo seja, e facilitou. Saiu bem, essa é talvez a música que eu mais gosto, das que fiz até hoje. A primeira frase é uma citação do "Vendaval", cantada pelo próprio. "O vendaval passou, nada mais resta..." Mas respondendo à pergunta, estas letras vão sendo feitas sem grande fim à vista, não tem nenhum fim pedagógico.



VeRC – Lê-se no vosso blog que “o homem em quem a emoção domina a inteligência recua a feição do seu ser a um estádio da evolução anterior, em que as faculdades da inibição dormiam ainda no embrião da mente.” Podemos dizer que os Az pretendem ajudar-nos a manter esse equilíbrio ente emoção e inteligência? É dai que surgem a ironia e sarcasmo tão característicos da banda – nas letras, em mails, nos posts no vosso site,…?

AJ – Essa frase é ipsis verbis roubada do Bernardo Soares, no Livro do Desassossego. Tem a ver com gostar-se de algo sem o filtro da inteligência. Como se se fosse uma criança, sem pensar. Gostar ou não-gostar apenas e só baseado nas primeiras impressões da sensibilidade. Num adulto não é possível, a não ser que se faça esse exercício de ir mais além, recuando. Mas nós não pretendemos ajudar as pessoas que nos ouvem a fazer coisa nenhuma, é isso que a frase diz. Se gostarem, gostem. Se não gostarem não gostem. Mas seja como for, que venha do próprio. Naõ se faça da musica nenhuma militância. Não se leve demasiado a sério, como nós não levamos. A auto-ironia vem disto.



VeRC – RFM, MTV, grande parte dos palcos do nosso Portugal… Onde querem Os Azeitonas ir depois?

AJ – Queremos conquistar o mundo, e depois a antena 3!! Queremos ganhar um prémio qualquer que nos seja entregue pela Sílvia Alberto.


VeRC – Obrigado ao Azeitonas por este bocadinho.. E pela generosidade e prontidão com que atenderam este pedido do Vidas em Rosa Choque para abrirem este novo projecto.

AJ – Ora essa, é sempre um gosto!




Os Azeitonas podem ser visitados em:

http://blog.osazeitonas.com/ e em http://www.myspace.com/osazeitonas

quarta-feira, 4 de março de 2009

Outras Vidas em Rosa Choque..







Vai abrir uma nova faceta do Vidas em Rosa Choque… Chamemos-lhe Outras Vidas em Rosa Choque! O objectivo é falar-vos de gente do nosso País à beira-mar plantado que anda por ai a mudar o Mundo.. Músicos, Instituições de Caridade, Bandas, Associações Desportivas, Aqueles que tentam dar de si o que têm.. Tudo isto em jeito de entrevistas, sempre que possível o contacto com os ditos.. Quando tal não for possível tentarei dar-vos uma espécie de biografia que nos conte os feitos daqueles que querem tornar a nossa Vida mais colorida…


A primeira entrevista já está na forja.. Vinda directamente do Porto.. Mais lá para a frente saberão quem são.. Ainda que acredite muitos de vocês já sabem de quem falo..
Entretanto aguardo propostas de gente que queiram ver retratada e aproveitem para opinar sobre esta ideia…

terça-feira, 3 de março de 2009

Dança o vento... A nascer, a amar, a pintar a cor do ar...

Texto publicado ontem, no maltinha!






Não sei o que vou escrever.. Ao contrário da maior parte dos meus texto do género não pensei nas palavras antes.. Não escrevi no meu caderno.. Não passei para o word, não imprimi.. nem reli vezes e vezes sem conta antes de o publicar.. Mas em tudo na vida temos que escolher algumas oportunidades para falarmos (ou escrevermos, no caso) sem pensar.. E é ao que chamamos 'vida' que eu não sei o que fazer.. Estou cansado disto.. Deste quotidiano Carnaval, onde, de nós, os outros já só vêem máscaras.. Quando estamos tristes temos sempre o maior dos sorrisos para oferecer.. e só quando estamos no limite é que explodimos e sai de nós a raiva, a má-disposição.. e tantas vezes, também, a má educação...

Pergunto-me porque é que tem que ser assim? Porque é que não posso fugir daqui.. começar do zero...

Queria a sorte de um cartoon, como diria a música,... Queria ser feliz, ter alguém a meu lado, viver a minha vida... sem disfarces, sem politicamente correctos...

Não me perguntem que me deu hoje para vos escrever... Porque senti a necessidade de escrever sobre mim quando sempre criei histórias (algumas com uma qualidade que deixa muita a desejar) e estórias para libertar alguma da tensão...

Escrevo talvez para que saibam que, no matter what, gosto muito de todos vocês e que aprendi muito com cada um de vós... Maridos, mulheres, pais, filhos, amigos, conhecidos...

Sejam felizes...

Um abraço, um beijo!




segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

OLHA QUE BLOG MANEIRO!

Obrigado ao Brasnetto pelo Selo - Olha que blog Maneiro!..


Ora, os meus 10 indicados são:


1 - http://epifaniasdeummenino.blogspot.com/ do Rodrigo;

2 - http://reflectmyself.blogspot.com/ do Arms;

3 - http://pedrocrispim.blogspot.com/ do Pedro;

4 - http://sdaniela76.blogspot.com/ da Sandrinha;

5 - http://opedropina.blogspot.com/ do Pedro;

6 - http://escarradordedavidmotta.blogspot.com/ do David Motta;

7 - http://paineisdeaveiro.blogspot.com/ da Sónia;

8 - http://mar-de-desabafos.blogspot.com/ da Martinha;

9 - http://lolritinhalol.blogspot.com/ da Rita;

10 - http://margaretedasilva.blogspot.com/ da Margarete.


Aqui, as regras:

1- Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro” Que vc acabou de ganhar!!!

2- Poste o link do blog que te indicou.(muito importante!!!)

3- Indique 10 blogs de sua preferência;

4- Avise seus indicados;

5- Publique as regras;

6- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras;

7- Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B !

(duvido da ultima regra... mas já que ai esta... loool)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Felicidade Plena?… - Parte II

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[Nota: no post de 21 de janeiro de 2009, o titulo deverá ser, agora, "Felicidade Plena?... - Parte I". Nesse post foram também feitas algumas correcções gramaticais, ideológicas e outras.


Obrigado Baltazar pela sugestão!]






Foi uma noite intensa… um quarto imerso numa volúpia cor-de-rosa, com cheiro de sexo bem quente… Este rapaz deixa-me louco… Estou exausto e já é de manhã, ao meu lado, já ninguém: um lugar frio, mas ainda a certeza do seu calor em mim, e ainda estava em casa – o relógio estava na almofada… Não tenciono levantar-me tão cedo… Meu Deus, que cansaço…


Foi nesse momento que Victor entra no quarto com um tabuleiro e um fantástico pequeno-almoço para dois – desde há algum tempo que não tomava um pequeno-almoço em condições.



Tomámos o pequeno-almoço relativamente depressa, aproveitei, entre os dolces beijos e o tempo em que ia buscar qualquer coisa ao tabuleiro, para me vestir – decidi levar o Victor ao colégio, adoro não ter nada que fazer.



Assim foi… Fomos até lá, despedimo-nos com um beijo, que não sei se não lhe causará nenhum problema lá no colégio, e fui até à loja.

Perco-me no meio de tanto trabalho:
– Sr. Engenheiro, o computador não funciona…
– Sr. Engenheiro, como anulo a compra?


Perco-me… Sim, é verdade que tenho que as aturar… Mas pago-lhes para serem competentes. Além disso, estou preocupado com o Victor! Ainda não consegui perceber o que ele realmente quer da vida.



Depois de conferidos os lotes recebidos, assinado meia dúzia de cheques, voltei para casa… Tinha combinado ir jantar com o Miguel, que é muito menos louco que o Victor, mas que com a sua paixão me consegue sempre convencer a aceitar os seus pedidos... Afinal de contas, ainda namoramos (?).


Um duche, vesti-me a correr e estou pronto para ir jantar. Estou atrasado como sempre… Mas o Miguel já me conhece: esperava por mim na, sempre, nossa mesa, já tinha pedido o vinho…


Enquanto comia aquela maravilhosa picanha desbobinei as minhas preocupações com o Victor, às quais ele respondia com um sorriso, que, quase escondia o ciúme. Acho que nunca me apercebi disso. Mas, ele gosta e eu não mudo…

O jantar prolongou-se até à meia-noite, e fomos até ao Trumps,… Só me lembro de acordar em casa... Tinha estado com alguém: preservativos na mesa-de-cabeceira – e não foi com o Miguel, de certeza!




O Victor esteve cá em casa, depois do almoço:


– Vou contar ao meu pai! – comentou.

– Acho que fazes bem, estou cá para te apoiar… A mentira nunca foi a melhor solução.

– Ligo-te logo… Agora tenho que ir. Explicação! Amo-te!

Saiu a correr, mas ainda tive tempo de gritar:

– Boa Sorte!

Nesse dia não consegui falar com ele, tinha o telemóvel desligado e não me atreveria a ligar-lhe para casa. Mas durante a manhã do dia seguinte recebi no meu telemóvel uma chamada da casa dele: era mãe, estava a chorar!


- Sim? Guilherme? É Paula Guerreiro, a mãe do Victor! – soluçava – Esta manhã,.. o… o… o Victor.. Morto,.. no quarto…Suicidou-se!



Desligou o telefone… Fiquei angustiado. Ele, o meu miúdo, matara-se… abri a janela… Gritei… Voltei a fechar e sentei-me a chorar, na beira da cama, onde ele se costumava sentar…










A mentira era a melhor solução…









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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

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A hipotenusa é igual à soma dos dois catetos ao quadrado, o triângulo que tu criaste não existe matemático algum que o consiga calcular nem mesmo com o Teorema de Pitágoras. Esse mesmo problema matemático que me deixaste nas mãos como que por herança, como que uma fotografia esquecida pelo chão aquando levas as malas pela porta da rua para não mais voltares. O que fazer com ele? Tentar resolvê-lo? Já rabisquei mil hipóteses e todas elas me levam ao zero como resultado final. As folhas de papel amachucadas acumulam-se pelo chão da casa que deixaste à horas, sim para não mais voltares...









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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Nunca odiei tanto o oceano…










Portugal! Um país à beira-mar plantado. O Brasil! Terras de Vera-Cruz. A separar-nos nada mais que o belo manto de água, os séculos entre os Descobrimentos e a Globalização…
É só isso que nos separa: o grande azul mar! Para nos unir só os clickes e as teclas, já gastas pelo peso da simpatia, da coragem, do carinho, de uma saudade estúpida..


Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Frederico Lourenço: coisas comuns.. o que nos uniu?
São Sebastião… O Santo Mártir!



Lágrimas, sangue, suor,… eis o que enche o negro oceano que nos separa mas que ao mesmo tempo nos une... A água vai fugindo por entre os nossos dedos, a mesma água que vai correndo pelas nossas faces, sangrando, até chegar ao peito onde nos apunhalará e nos deixará com uma enorme vontade de nos abraçarmos…


E é este desejo que vai minando a felicidade…mas que nos deixa felizes!



Porque nos separa este grande azul mar?




[ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ]







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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

(ainda sem título - aceitam-se sugestões...)



Estava um lindo dia Verão, o sol raiava e estava cansado de trabalhar, metido no meu amplo escritório. A contabilidade da empresa dá sempre a volta ao juízo. Empresário de 26 anos bem sucedido, vivendo bem com os rendimentos das lojas, fazendo a gestão a partir de casa – maravilhas da Internet!

Até que… Parei de trabalhar: o stock, as contas, os pedidos de novos modelos de casacos ou de botas, deram-me sede, decidi então que ia buscar o Victor ao colégio.


Conheci o Victor semanas antes na festa de aniversário do Miguel, um amigo comum, então meu namorado.

Miguel conhecia também a orientação sexual de Victor e apresentou-nos. Mesmo namorando com o Miguel, a atracão física por Victor, ou talvez até a idade – dezassete! – falou mais alto e, mesmo sabendo que os pais desconheciam que o filho era gay, acabamos por nos envolver numa relação que acabou por ser a primeira relação sexual (e afectiva) de Victor. Foi um longo momento de prazer que tivemos ali mesmo, na cama de Miguel, embora que abruptamente interrompido pelo aniversariante, que despedaçado acabou por pedir que nos retirássemos e desde ai não conseguiu mais falar comigo.

Desde então, fugido de casa, Victor vive em minha casa, partilhando a mesma cama, e por vezes, quase que o mesmo corpo…


Como de costume, quando cheguei ao colégio, já tinham acabado as aulas e lá estava ele à minha espera junto à entrada, sentado sempre naquele terceiro degrau. Levantou-se, pegou na mochila e dirigiu-se para o meu jipe, iniciámos caminho, e só após de dada a primeira curva à esquerda, depois de ter certeza que nenhum colega de Victor nos podia ver é que nos cumprimentámos com um beijo, bem curto, para que eu, Gui – como me chama o Victor – não me distraísse da condução.


O trânsito estava caótico naquele fim de tarde e entre muitas buzinadelas e os grandes círculos coloridos dos semáforos o meu jipe preto conseguiu andar alguns metros, e foi à espera que um desses semáforos mostrasse a luz verde para que o primeiro carro, o meu, pudesse avançar, que Victor reconheceu o pai atravessando na passadeira mesmo à sua frente. Carlos, pai de Victor, senhor já dos seus 40 anos, conseguiu, também, avistar o filho dentro do carro, mas era tarde, já o semáforo tinha passado a verde e eu já tinha arrancado, deixando para trás o pai de Victor, de jornal pensativo na mão.

Durante todo o caminho permanecêramos calados, só já em casa é que optei por tocar no assunto:

– Sabemos os dois que se quiseres ir para casa e com calma explicares o que se passa aos teus pais, eu sou o primeiro a apoiar-te, certo?

– Tenho medo! – respondeu Victor, com um ar triste – só queria que os meus pais me aceitassem como sou..

– Não sabes o que sentem neste momento – interrompi – até porque eles não sabem “como tu és”! Se não conversarem nunca se entenderão.

– Eu conheço o meu pai nunca será capaz de me aceitar como sou, terá vergonha de mim,… Vamos mudar de assunto, não quero falar sobre isto!

– Por agora…

Já mais tarde durante o jantar voltamos a falar, entretanto tinha ido a uma das lojas tratar duma avaria no sistema informático, e o Victor ficou mesmo por casa. “Tenho muito que estudar” – como se não desse para perceber que ainda estava chateado! Não faço milagres!

Acabamos o filet e ele sem dizer nada... Não sabia por onde começar:

- Tencionas voltar a tocar no assunto? Não te quero assim, gosto de mais de ti para te ver assim!

- Tu sabes que também te amo Gui! Mas… A minha mãe, a minha irmã… Que saudades! – disse Victor com ar triste.

Continuamos o jantar sem grande conversa... Achei melhor não voltar a tocar no assunto.


(continua...)






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